março 11, 2011

[Segurança] Impactos do Tsunami no Japão e do Godzilla no Twitter

Recentemente o Japão foi atingido por um grande terremoto de 8.9 graus na escala Richter, e várias cidades foram varridas por um tsunami com ondas gigantes que atingiram até 10 metros de altura. Imagens assustadoras divulgadas no momento do desastre mostraram grandes casas, barcos e dezenas de carros sendo arrastados pelas enchentes. O tremor do dia 11 de Março foi tão forte que cientistas estimam que o terremoto pode ter deslocado o eixo de rotação da Terra em quase 10 centímetros e deslocado a ilha 4 metros em direção aos EUA.



Enquanto as notícias corriam o mundo, o Twitter registrou as palavras #prayforjapan, #tsunami, #japon e #Godzilla no Trend Topics global, mostrando que a comunidade online estava acompanhando de perto as notícias sobre esta terrível calamidade. Mas, espera aí, Godzilla? Diversos internautas, de vários países, trocaram posts fazendo piadas ou reclamando das piadas relacionando o lendário monstro Godzilla ao terremoto e ao tsunami (na verdade, a maioria das mensagens sobre Godzilla era de pessoas comentando que a palavra estava no Trend Topics ou reclamando porque estavam fazendo piada sobre o assunto - as piadas, em si, eram as minorias das mensagens).

O terremoto no Chile no ano passado, que atingiu 8.8 graus, e o recente desastre natural no Japão nos mostraram como uma situação dessas pode afetar as empresas e a infra-estrutura de um país.
  • Antes de mais nada, um desastre dessa proporção causa danos imediatos na infra-estrutura crítica do país, afetando as redes elétricas, de telecomunicação (Internet e telefonia), no transporte e até mesmo na distribuição de água e esgoto.
  • Milhares de casas e de empresas ficaram sem energia elétrica no Japão, e mesmo cidades que não foram afetadas diretamente pelo tsunami estão sofrendo por conta do racionamento de energia. No caso de empresas, dependendo do ramo de negócio, vale a pena investir em sistemas próprios de energia, como no-breaks e equipamentos de geração de energia.
    • Há ainda o risco de desastre em cidades e empresas que estejam próximos a usinas elétricas - sejam usinas nucleares ou hidroelétricas.
    • Algumas usinas nucleares no Japão foram seriamente afetadas pelo terremoto e pelo tsunami, com risco de vazamento de material radioativo. Um acidente deste tipo pode afetar toda uma cidade ou região, obrigando o evacuamento de pessoas (isto é, clientes e funcionários) por tempo indeterminado, além de problemas ambientais e de saúde pública a médio e longo prazo.

  • Um desastre natural como o sofrido pelo Chile e pelo Japão afeta a infra-estrutura de telecomunicação do país, danificando equipamentos e rompendo cabos de comunicação. Mesmo em uma sociedade altamente conectada como no Japão, as operadoras locais reportaram problemas com disponibilidade dos serviços de comunicações, tanto na telefonia fixa quanto na celular. As operadoras de telefonia móvel tiveram seus serviços interrompidos em várias regiões do Japão devido aos danos na infra-estrutura, além de enfrentar congestionamento causado pela grande demanda de usuários. Embora o terremoto no Japão não tenha interrompido a comunicação com a Internet, alguns cabos submarinos foram afetados.
    • Os serviços de Internet na Ásia já foram interrompidos anteriormente devido a terremotos na região. Em 2009 um terremoto em Taiwan e deslizamentos submarinos causados ​​por um tufão cortaram os cabos de comunicação entre Taiwan e a China continental. Um terremoto em Taiwan em 2010 também danificou quatro cabos submarinos, interrompendo o acesso Internet por dois dias.
    • O Twitter, novamente, cumpriu um papel importante ao ajudar as pessoas a trocarem notícias sobre o terremoto e o tsunami. Assim como aconteceu no terremoto no Chile em 2010, a ferramenta se tornou uma poderosa aliada para ajudar as pessoas a encontrarem familiares desaparecidos e amigos, e obter o apoio das autoridades e da mídia.

  • Problemas com os funcionários: Um problema desta proporção afeta a disponibilidade de mão de obra para a indústria local. Diversos funcionários podem ser afetados direta ou indiretamente, seja pela falta de transporte, por problemas de saúde, ou mesmo por eventual morte.
    • Devido a devastação causada pelo terremoto e pelo tsunami no Japão, a população local tem sofrido pela falta de comida, combustível e de bens de primeira necessidade.
    • Além de tudo, há o fator psicológico: possivelmente a grande maioria dos empregados estão passando por diversos problemas pessoais, seja por perda de suas casas ou bens, ou mesmo problemas com familiares ou amigos. Isto impacta a motivação e a disposição para trabalhar.


No Chile, o terremoto em fevereiro de 2010 causou impacto em várias as empresas locais, principalmente a indústria (cuja atividade diminui 17,4% nos primeiros meses após o desastre), de geração de eletricidade (que caiu 10,5%) e de distribuição de energia eléctrica (que caiu 10,3%). Por outro lado, a atividade comercial cresceu: as vendas no varejo subiram 12,3% (um recorde nunca visto desde que o índice começou a ser medido, em 2004), e as vendas de supermercados subiram 9,3%.

Porém, o Japão é um país com economia muito mais relevante no mercado mundial do que o Chile (o país é a terceira maior economia mundial), o que torna mais significativo o impacto dos recentes desastres em sua economia. Por exemplo...
  • No primeiro dia de negócios após terremoto, a bolsa de Tóquio sofreu queda de 6,18%.
  • O terremoto de magnitude 8,9 que atingiu o Japão no dia 11/03 fez com que diversas fábricas de produtos de tecnologia fechassem suas portas ou paralisassem a produção. A Sony interrompeu a fabricação de seu console PlayStation 3 e do portátil PSP. A produtora dos games da série "Final Fantasy", Square Enix, teve seus servidores desligados por conta do racionamento de energia anunciado pela Tokyo Electric Power Company.
  • Os efeitos do terremoto e do tsunami no Japão poderão ser sentidos na indústria de telecomunicações nos próximos meses, pois o país possui alguns dos maiores fornecedores mundiais de silício, microchips e monitores. Além de potenciais danos às instalações de fábricas de eletrônicos, o fornecimento de energia e o transporte foram fortemente impactados. Consequentemente, o mercado mundial poderá sofrer a escassez e o aumento dos preços de componentes eletrônicos, como memórias, microcontroladores e peças de monitores.
  • Vários portos sofreram graves danos em consequência do terremoto e do tsunami e devem passar meses ou até anos inoperantes, o que deve causar prejuízos na ordem de US$ 3,4 bilhões por dia, devido ao cancelamento de embarques.


Empresas que possuem um plano de contingência ou de continuidade de negócios tem maiores chances de sobreviverem a uma situação crítica como um desastre natural, ou mesmo a problemas mais simples, como a falta temporária de energia elétrica. Um plano de continuidade de negócios (ou BCP, sigla para Business Continuity Plan) deve considerar as estratégias da empresa, os seus processos de negócio, sua organização e suas necessidades. Para ser efetivo, as empresas devem necessariamente testar e auditar o BCP periodicamente. É a melhor maneira de identificar os pontos críticos a serem cobertos, os prazos necessários para recuperação e quem são as pessoas-chave responsáveis pela recuperação da empresa em caso de emergência.

Para saber mais:

2 comentários:

Walison Morales disse...

Correção: 9 graus.

Anchises disse...

Obrigado pela correção, Walison.
A Agência Meteorológica japonesa elevou a magnitude do terremoto para 9 graus na escala Richter, embora o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) afirma que a magnitude foi de 8,9 graus. (fonte: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/03/13/agencia-japonesa-eleva-magnitude-do-terremoto-para-9-pontos.jhtm)

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