fevereiro 18, 2017

[Cyber Cultura] O lado bom e o ruim da Campus Party

Há poucos dias atrás tivemos a décima edição brasileira da Campus Party (CPBR), um evento que reuniu um punhado de milhares de pessoas em Sào Paulo durante quase uma semana inteira (de 31/01 a 05/02), muitas das quais acamparam lá e por muitas vezes ficaram antenadas por mais de 24 horas seguidas. a organização do evento previu receber 8.000 pessoas na Arena interna (os chamados "campuseiros") e que seria visitado por 80 mil pessoas (essa grande maioria tem acesso apenas a área pública do evento).


O que torna a CPBR especial é que este é o maior evento de tecnologia brasileiro, com foco em inovação no mundo digital. Podemos pensar em vários motivos para ir no evento, exdrúchulos ou válidos, mas o principal, sem dúvida, é que este é o principal e maior evento brasileiro sobre inovação tecnológica aberta ao usuário final, incluindo dezenas de palestras, oficinas e atividades diversas.


Quem não conhece a Campus Party ou olha ela de forma superficial, vai ver um monte de adolescentes jogando video games. Sim, isso é o mais comum e o que chama mais a atenção de todos que visitam o evento - uma área central enorme aonde os participantes (a grande maioria formada por adolescentes) levam seus computadores e seus jogos - de batalha em 1a pessoa, simuladores e, pasme, os jogos de dança fazem grande sucesso lá.


Outro destaque frequente na mídia são os casemods, ou seja, os desktops customizados. Mas outras atividades presentes neste ano incluem guerras de robôs, corrida de drones e, inclusive, lutas de "sabre de luz" (feitos de espuma) organizadas espontaneamente pelos presentes.


Assim, sob essa visão superficial, esconde-se os grandes valores da Campus Party: a formação de comunidades e a troca de conhecimento, através de centenas atividades formais e informais que acontecem quase initerruptamente, desde palestras, oficinas e até mesmo incontáveis conversas de corredor. Entre os participantes, o evento cria um sentimento de comunidade - desde uma mega-comunidade de internautas envolvendo todos os campuseiros, até as micro-comunidades que cohabitam o espaço (gamers, empreendedores, pessoal do Software Livre, desenvolvedores, pessoal de robótica, hackerspaces, comunidades makers, etc).


Empreendorismo e uso de mídias sociais sempre foram assuntos de grande destaque na CPBR. É comum ver lá webpersonalidades e Youtubers. A propósito, nos primeiros anos da CPBR a modinha era ser blogueiro. De dois anos para cá, é ser Youtuber.

Neste ano, em especial, sumiram os conteúdos de segurança e redes, mas ganhou destaque o movimento Maker, em palestras, atividades específicas e através de áreas temáticas de entidades patrocinadoras como os Fazedores e a Prefeitura de São Paulo. Nos aos anteriores, havia um palco com programação dedicada sobre segurança e redes, organizada pelo CERT.br e pelo NIC.br. Esse conteúdo sumiu. Neste ano, por outro lado, era fácil encontrar inpressoras 3D por lá. Também ganhou destaque um Hackaton promovida pelo evento. Ainda comparando com anos anteriores, me pareceu que neste ano faltou mais debates políticos e discussões sobre regulamentações e privacidade.


Ou seja, "maker" e "hackaton" foram as palavras-chave da CPBR10.

Assim como acontece em todas as edições da Campus Party, esta tinha vários problemas e as vezes dá a impressão de que a organização se esforça para piorar alguns destes problemas a cada edição. Seguranças despreparados, organização despreparada para lidar com o público do evento e, principalmente, sem respeito as comunidades, comida cara, infra-estrutura precária para quem palestra e para quem acampa (sem isolamento de som, luzes acessas 24h, chuveiros com problemas). Que tal colocar TVs minúsculas para os palestrates? O local é barulhento? É difícil assistir as palestras e conversar? Que tal colocar um palco com música ao vivo ao lado dos participantes, para aumentar o barulho?


Talvez a maior frustração, para mim (após o desapareciemnto da área de segurança), foi que esta edição da CPBR não teve nada de especial, melhor ou comemorativo por ser a sua décima edição. Nada de especial. Nada para celebrar. Nenhum capricho a mais.


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