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junho 04, 2007

[Segurança] Guerra Cibernética vira realidade

Se alguém ainda pensava que uma "guerra cibernética" ("Cyberwar") fosse coisa de ficção científica, a Estônia mostrou recentemente que isto já é realidade.

Nas duas primeiras semanas de maio vários sites do governo, jornais e bancos da Estônia sofreram ataques de DDoS, deixando o governo e o povo da Estônia com grandes dificuldades para ter acesso online, uma vez que estes serviços são muito avançados e difundidos neste país. O site do parlamento, da presidência da República, dos ministérios e dos serviços de saúde e tecnologia também foram afetados.

A Estônia vive uma crise diplomática com a Rússia desde que decidiu retirar uma estátua de bronze de um soldado soviético de uma praça em Tallin, capital do país. E, aparentemente, isto motivou os ataques DDoS ("Distributed Deny of Service"). Segundo o governo da Estônia, os técnicos de TI identificaram que os endereços IP que originaram os ataques pertencem a computadores de agências governamentais russas. A Rússia negou o ataque, mas a União Européia e a Otan foram acionadas para ajudar nas investigações.

Essa notícia foi publicada na revista VEJA de 23 de maio de 2007 (Edição 2009) e também consta em vários noticiários no Brasil e no mundo:
Hoje, em seu Blog, Bruce Schneier comentou que este tipo de ataque não é novidade (não é mesmo!) e aproveita a oportunidade para dar sua definição de "Cyberwar", "Cyberterrorism", "Cybercrime" e "Cybervandalism" - que aproveito para transcrever abaixo:
  • Cyberwar: Warfare in cyberspace. This includes warfare attacks against a nation's military -- forcing critical communications channels to fail, for example -- and attacks against the civilian population.
  • Cyberterrorism: The use of cyberspace to commit terrorist acts. An example might be hacking into a computer system to cause a nuclear power plant to melt down, a dam to open, or two airplanes to collide.
  • Cybercrime: Crime in cyberspace. This includes much of what we've already experienced: theft of intellectual property, extortion based on the threat of DDOS attacks, fraud based on identity theft, and so on.
  • Cybervandalism: The script kiddies who deface websites for fun are technically criminals, but I think of them more as vandals or hooligans. They're like the kids who spray paint buses: in it more for the thrill than anything else.
Como ele diz mais adiante, hoje os governos e militares levam a possibilidade de guerra cibernética a sério: tanto como meio de ataque como necessidade de defesa. Neste caso, técnicas de ataque podem ser utilizadas, num cenário de "cyberwar", para desabilitar serviços online e partes das infra-estruturas específicas de um país, preferencialmente em um "ataque cirúrgico". Ou seja, é mais interessante invadir ou derrubar determinados sites estratégicos do que simplesmente tirar um determinado país do ar.

E a guerra cibernética é mais do que simplesmente atacar a infra-estrutura de rede de um determinado país: envolve também a espionagem, a "guerra de informações" (divulgar informações falsas ou enviar informações para o povo de um determinado país, a contra-gosto do seu governo - como os EUA faziam ao jogar panfletos encorajando os soldados iraquianos a se renderem), ataques em guerrilha e ataques surpresa.

Não podemos negar também que este é um novo campo de atuação dos profissionais de segurança: criar técnicas de ataque ou defesa para cenários de guerra tecnológica. E, para lembrar o que já foi dito, as empresas, e não somente apenas os governos, também podem sofrer ataques motivados por disputas políticas entre nações, grupos étinicos e grupos terroristas. Agora as empresas tem a Estônia como exemplo da importância de incluir a possibilidade de guerra cibernética e de cyber-terrorismo em suas análises de risco.

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