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novembro 30, 2013

[Cyber Cultura] Obsolescencia programada

Este é um ótimo vídeo que critica de uma forma bem simples a pasteurização da nossa sociedade de consumo e a obsolecência programada, ou seja, como nos mantemos em um ciclo eterno de consumo aceitando passivamente produtos que foram criados para serem substituídos em pouco tempo.

 
IDIOTS from BLR_VFX on Vimeo.


Embora utilize diretamente a imagem da Apple, engana-se quem considera este vídeo como apenas uma crítica a Apple!

Este padrão de comportamento de consumo se repete em vários aspectos do nosso dia-a-dia, com celulares e computadores de todos os fabricantes, com outros produtos eletrônicos, carros, e por aí vai. Como eles descrevem no vídeo, a nossa felicidade é baseada em coisas que não precisamos e regida por entidades que não controlamos:
  • carros de luxo, com motores potentes para dirigir por ruas esburacadas e congestionadas, e mesmo assim trocamos a cada 3 ou 4 anos por um melhor e mais caro;
  • TV a cabo, que nos permite pagar para assistir programas de esportes (no caso do Brasil, esporte = futebol) e filmes que, na maioria das vezes, são repetidos;
  • celulares hiper caros que fazem quase tudo, inclusive ficar 100% conectados virtualmente com pessoas que não vemos ou falamos há anos, mas que o sinal falha na hora de fazer uma simples ligação. E a tela racha na primeira queda, e assim o celular inteiro precisa ser trocado, com a desculpa que sai mais barato comprar um novo do que trocar a tela.

Há várias críticas no vídeo que deveriam nos levar a uma profunda reflexão sobre nossos hábitos de consumo:
  • Os robôs são todos iguais, e fazem o mesmo movimento. Basta um andar, e todos vão atrás, em fila. Basta um comprar um produto (como um celular ou um aplicativo). e todos os demais fazem isso. Isso mostra como todos nós somos facilmente manipulados e aceitamos nos comportar de forma pasteurizada, sem uma real individualidade. Tente não abaixar o mais novo joguinho ou aplicativo. Você se verá como um ET, um ser excluído da sociedade e dos círculos de amizade só porque não joga Candy Crush;
  • Como nos viciamos na interação online, através de comunicadores e redes sociais, em detrimento da interação física entre as pessoas;
  • A facilidade com a qual compramos produtos de acordo com as influências dos outros - ok, em alguns casos os produtos podem ser bons, mas muitas vezes as pessoas compram algo porque está na moda. Pegando o exemplo da Apple: porquê comprar um iPhone 5S se o 4S funciona muito bem?
  • O mercado de aplicativos, que surgiu há poucos anos e hoje movimenta bilhões de dólares (os clientes da Apple já abaixaram mais de 50 bilhões de aplicativos até hoje).  Isso se deve pela facilidade de compra, além da influência que recebemos das pessoas que nos cercam;
  • Até que ponto os fabricantes produzem produtos com um tempo de vida curto, para que sejamos forçados a constantemente comprar novas versões? Produtos frágeis, que quebram facilmente, que a troca é mais barato que o conserto, ou que, eventualmente, sejam "programados" para falhar?

O vídeo acima é bem feito e reflete muito bem a sociedade de consumo atual, mas uma crítica muito mais profunda é feita no documentário "Comprar, Tirar, Comprar. Obsolescencia Programada" (em espanhol). O documentário define a "obsolescencia programada" como o desejo do consumidor de possuir algo um pouco antes, um pouco mais novo e um pouco melhor do que é necessário.

 
Comprar, Tirar, Comprar. Obsolescencia Programada from g on Vimeo.


Compramos mais por hábito ou diversão do que por necessidade, algo que a indústria começou a forçar os consumidores a fazerem desde a década de 20, quando a revolução industrial aumentou a produção a ponto dos consumidores não darem conta de consumir tudo o que era oferecido. Assim, a indústria americana optou por produzir mercadorias de qualidade mais baixa, com menor tempo de vida. Produtos tiveram seu tempo de vida diminuído (o documentário fala como isso aconteceo com as lâmpadas domésticas, meias de nylon e geladeiras).  Mas, pior do que isso é quando produtos são criados para falharem ou pararem de funcionar após um determinado tempo, como o exemplo de uma impressora que pára de imprimir após atingir 19 mil impressões.

Ontem vi uma frase, criticando a Black Friday, que tem muito a ver com esta crítica ao mercado de consumo:

"Only in America can people trample each other in sales to buy stuff they don't need one day after giving thanks for what they have."
"Só na América as pessoas pisam umas nas outras em promoções para comprar coisas que não precisam, um dia depois de dar graças por aquilo que eles têm."

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