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dezembro 10, 2013

[Cyber Cultura] Revenge porn

O uso da Internet como uma ferramenta de humilhação e vingança ganhou uma nova buzzword: "revenge porn" (ou vingança pornô, na tradução literal do inglês).

No "revenge porn", um dos cônjuges (sejam namorados ou casados) compartilha na Internet vídeos e fotos sensuais gravados na intimidade do casal ou gravado por uma das partes, com o objetivo de humilhar publicamente o (a) outro(a). Assim, a intimidade das vítimas é exposta e, uma vez que uma foto ou vídeo é colocado online pela primeira vez, é praticamente impossível evitar sua replicação em diversos sites, aumentando exponencialmente a humilhação da vítima.

O "revenge porn" é uma consequência maligna de uma prática muito comum entre adolescentes, que é a troca de conteúdo (fotos e vídeos) eróticos entre amigos ou namorados, seja por celular ou Internet - uma prática que já foi batizada de "sexting" (mistura de "sex" com "texting", ou ema, o ato de trocar mensagens online). As principais vítimas do "revenge porn" são as mulheres, que rapidamente começam a sofrer um linchamento moral, fruto da nossa cultura machista aonde o homem que faz sexo é o "garanhão" e a mulher é a "vadia". É uma lógica machista que inverte os valores, massacra a vítima e inocenta o verdadeiro criminoso.

As causas de "revenge porn" são as mais variadas possíveis, e incluem o sentimento de vingança e a sensação de orgulho ferido após o rompimento de uma relação, além da onipresença e facilidade de compartilhamento de vídeos e fotos através da Internet (muitas vezes anonimamente). Também é uma consequência da nossa cultura de super exposição através das redes sociais.

Aqui no Brasil, relatos desse tipo de crime estão se tornando cada vez mais comuns, e recentemente, duas garotas que se suicidaram após serem expostas na Internet: a gaúcha Giana Fabi, de 16 anos, que teve uma foto sua seminua compartilhada nas redes sociais, e a piauiense Júlia dos Santos, de 17 anos, após compartilharem pelo WhatsApp um um vídeo de sexo dela com outro casal. Há poucos meses atrás, Francyelle Santos, uma estudante goiana de 19 anos conhecida como Fran, ficou famosa após um vídeo em que fazia sexo com um ex-namorado (com quem tinha relacionamento há 3 anos) ter se espalhado rapidamente pela Internet (caso você não lembre do caso, é a garota que virou meme por conta da frase "quer meu cozinho apertadinho?"). Uma reportagem recente da revista Época mostra vários outros casos tristes, de garotas que se suicidaram por não aguentar a humilhação online.

Segundo uma pesquisa da Safernet, 20% dos brasileiros entrevistados, entre 9 a 23 anos, já receberam textos ou imagens eróticas de amigos e conhecidos e 6% já repassaram esse tipo de conteúdo. Nos EUA, um em cada sete adolescentes americanos já compartilhou fotos ou vídeos de si mesmo nu ou seminu, segundo uma pesquisa da Universidade do Sul da Califórnia (USC).

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