Infelizmente a maioria das pessoas que vi fazer este tipo de comentário são aueles que acham que "hacker" é somente quem sabe invadir um site ou explorar vulnerabilidades (ou porque é do "underground", ou porque é "Pentester"). Esse é o "hacker" que os jornalistas gostam, um esteriótipo baseado em uma visão equivocada da cultura hacker. Além disso, este tipo de crítica é frequentemente direcionado aos profissionais profissionais de segurança: "só conhece segurança quem sabe invadir computadores".
Pouca gente tem visão de que segurança é muito mais do que invadir um site (hum, essa é uma discussão que merece um post dedicado...) e uma quantidade bem menor de pessoas entende que hacker pode ser qualquer pessoa interessada e apaixonada por tecnologia.
Para piorar, a área de segurança é repleta de muitos egos inflados: pessoas que adoram falar mal dos outros, pois só eles são foda. Só porque o fulano consegue invadir um site, ele se acha Deus. O próprio The Jargon File reconhece esse lado elitista da cultura hacker:
Hackers consider themselves something of an elite (a meritocracy based on ability), though one to which new members are gladly welcome. There is thus a certain ego satisfaction to be had in identifying yourself as a hacker (...).
Eu acredito que esses egos inflados estão ligados a um "efeito homem-aranha as avessas": o sujeito tem um grande poder (entender como burlar a segurança de sistemas) mas não tem maturidade, humildade nem responsabilidade para lidar com isso. E, principalmente, não tem a visão da complexidade que é defender um sistema, frente a facilidade de atacar - provavelmente a grande maioria jamais conseguirá proteger um site ou uma empresa apropriadamente.
Mas quem frequenta o Garoa, ou pelo menos acompanha o que realmente acontece por lá, sabe o quanto nos orgulhamos de ser um espaço repleto de verdadeiros hackers. E o caso mais recente aconteceu há poucos dias atrás.
Recentemente fomos procurados por um grupo de adolecentes, alunos de uma escola da periferia de São Paulo, que precisavam de ajuda para construir uns robozinhos. Eles simplesmente montaram uma equipe que está indo para o Quanta, uma competição internacional de matemática e ciências que ocorrerá de 15 a 18 de novembro na Índia.
Como vivem em uma área pobre, eles batalharam muito para conseguir juntar um pouco de recursos para bancar a viagem: fizeram uma vaquinha online e felizmente também conseguiram alguns patrocinadores. E, chegando lá, eles vão participar de duas competições com barcos autônomos: o desafio consiste em fazer um robô barquinho que identifica a borda final da piscina, bate e volta, e precisa ser rápido.
Quando procuraram o Garoa, eles ainda estavam montando o barco. Tinham algumas peças, motores e muita vontade. Na falta de um chassi, resolveram utilizar garrafas PET de refrigerante. Tinham pouco conhecimento de Arduino e robótica, mas foram auto-didatas: estudaram, fuçaram, tentaram, pesquisaram mais e também pediram ajuda.
O grupo é da Escola Estadual Professor Luís Magalhães de Araújo, no Jardim das Flores, na zona sul da capital. Outro lado bem legal desta história é que vários alunos esta escola já foram premiados em olimpíadas de matemática :)
Só nesta foto já têm 7 hackers, e nada de ego inflado.
ResponderExcluirBoa sorte para eles.
Legal a atitude deles em procurar, pesquisar e estudar e legal também a atitude do garoa em ajudar.
ResponderExcluirEstive por duas vezes somente o Garoa e acompanho quase que diariamente a lista de e-mails.
ResponderExcluirDa primeira vez que visitei pessoalmente o Garoa estava fechado e da segunda participeis de reuniões rápidas de 15 minutos.
Uma delas um cara que não me lembro o nome apresentou como ele fez um dump e decifrou como funcionava aqueles aparelhos que ajudam na comunicação entre surdos usando um telefone convencional. Foi muito interessante.
Eu gosto muito da pagina do Garoa que define o termo hacker (https://garoa.net.br/wiki/Hacker) e acredito que o termo não precisa estar necessariamente associado a tecnologia mas sim a algum tipo de "inovação não muito convencional" se é que tenho liberdade para fazer essa observação. :P
Tem algum meio de contato com oa garotos? Caso alguém deseje doar algo?
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