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janeiro 07, 2016

[Segurança] O que esperar em 2016?

Como sempre, no final do ano pipocaram previsões e discussões sobre tendências para o mercado de segurança em 2016.

Descartando as previsões óbvias (por exemplo, "aumento dos ataques a infra-estruturas críticas" ou "vai acontecer um cyber ataque em uma grande infra-estrutura crítica", "crescente necessidade de criptografia", "hacktivistas vão usar roubo de dados e ataques de DDoS contra suas vítimas"), exdrúchulas (ex: "O uso de Ad-blocking vai impactar o mercado de publicidade online e matar malvertisements") ou que já são realidades (ex. "uso de ciber extorsão, através de ramsonwares e roubo de dados", "aumento das ameaças internas"), sobraram algumas que eu acho interessante destacar:
  • Necessidade de discutir padrões de segurança para a Internet das Coisas (IoT), incluindo computação vestível (como smart watches) e smart devices. Este foi um destaque feito pela grande maioria dos fabricantes de segurança;
    • O pessoal da Fortinet fez uma previsão interessante sobre segurança em IoT: o surgimento de ataques entre os dispositivos conectados e malwares se disseminando através deles (ataques máquina-a-máquina, ou M2M);
    • A Imperva prevê o surgimento da Botnet das Coisas (Botnet of Things);
    • Haverá um aumento de pesquisa sobre hacking de carros, aviões e trens (Intel Security e Checkpoint). A Kaspersky tem uma previsão interessante sobre isso, preocupada com potenciais ataques as tecnologias de navegação autônoma;
    • Não é a tôa que os dispositivos conectados (como soluções para Internet das Coisas, vestíveis e carros inteligentes) são um dos grandes destaques da feira CES (Consumer Electronic Show) logo no início deste ano;
  • Possível conflito entre as gangs especializadas em criar ransomwares e as especializadas em malwares tradicionais (Symantec);
  • O crescimento na quantidade de ciber ataques e roubos de dados vão fomentar a necessidade de seguros específicos ("cyber insurance") (Symantec);
  • Security Gamification: O uso de gamificação como uma ferramenta de treinamento e conscientização de segurança (Symantec);
  • A introdução e popularização de sistemas de pagamentos móveis vai inspirar o interesse em ataques e roubo de informações nas novas tecnologias de processamento de pagamentos (como cartões de crédito com chip ou com RFID e carteiras de pagamento via celular como Apple Pay e Google Wallet) (Trend Micro);
  • "APT-as-a-service" e popularização de ciber mercenários, devido a grande facilidade de invasão e a popularização deste tipo de ataque (Kaspersky);
  • Manipulação criminosa de dados para causar danos as empresas, através do uso de informações erradas - não bastará roubar ou destruir dados; o risco está em dados serem alterados intencionalmente para causar tomadas erradas de decisões nas empresas (RSA);
  • Malwares vão utilizar certificados SSL que são oferecidos gratuitamente por algumas empresas (Imperva) - esse é o lado negativo da popularização da criptografia, previsto por algumas das empresas de segurança.



Aproveitando, o IDC publicou recentemente seu relatório de previsões para o mercado de segurança para os próximos anos, batizado de "Worldwide IT Security Products Forecast, 2015–2019". Veja algumas das previsões deles:
  • Em relação ao mercado total de produtos de segurança de TI, o IDC estima que o mercado atingiu 35,2 bilhões de dólares em 2015 e vai crescer em 7,4% em 2016, quando atingirá US$ 37,9 bilhões;
  • O IDC acredita que entre 2014 e 2019, o mercado vai crescer a té atingir quase US$ 46 bilhões em 2019;
  • Dos submercados em segurança de TI, o IDC estima que em 2015, a área de segurança de redes foi o maior subsetor, representando US$ 10,4 bilhões (quase um terço da receita do mercado total). Endpoint Security foi a segunda maior área, com US$ 9,2 bilhões;
  • Em termos de influências no mercado, o IDC acredita que a maior disponibilidade de ofertas de Segurança como Serviço (tal como MSS - Managed Security Services) juntamente com demandas mais exigentes de conformidade serão os fatores mais significativos para o crescimento do mercado de segurança em TI.

Eu, particularmente, acrescentaria mais algumas previsões e opiniões sobre o mercado de segurança em 2016...
  • Os ataques de hacktivismo vão continuar diminuindo, embora nunca vão sumir por completo. A onda do hacktivismo teve seu ápice entre os anos 2011 e 2013, e agora atrai poucos interessados. Além disso, cada vez exige conhecimento técnico mais e mais avançado para realizar ataques, pois os ataques de DDoS com ferramentas online utilizadas coletivamente não são mais tão efetivos quanto eram anos atrás;
    • Não podemos nos esquecer que as Olimpíadas de 2016 são um belo atrativo para hacktivistas; possivelmente teremos um pico de ataques de defacement e DDoS próximo aos jogos;
  • DDoS como forma de extorsão: embora isto exista há muitos anos, este ataque começou a ser utilizado em escala global e em vários países em 2015 (inclusive atingindo empresas Brasileiras). A tendência é piorar e tornar mais frequente;
  • Está cada vez mais fácil realizar ataques de DDoS em alta escala e está mais difícil evitá-los, por isso as empresas vão continuar sofrendo muito com esses tipos de ataques;
  • IPv6 ainda vai demorar para decolar, mas é importante aumentarmos os esforços de estudo e pesquisa em segurança para IPv6;
  • Uso de Biometria em aplicações móveis: a popularização da biometria nos Smartphones, que aconteceu com mais força em 2015, está trazendo a tona o surgimento de aplicativos móveis protegidos com biometria. Esta é uma tendência que vários bancos tem acompanhado de perto. O lado negativo disso é que pode acelerar o surgimento de roubo de dados biométricos para enganar os controles de autenticação;
  • Vazamento de Big Data: como as empresas estão investindo muito em Big Data, e os ciber criminosos estão ávidos por roubar dados, podemos em breve ver um mega-roubo de dados com acesso não autorizado a estes "data lakes". Será que podemos chamar o "vazamento de um data lake" de "cyber Mariana"? Ok, desculpem-me pela piadinha de humor negro e politicamente incorreto...
Além disso, a minha sugestão é que, se você trabalha ou tem interesse em entrar na área de segurança, e se você tem background em redes ou desenvolvimento, aproveite a oportunidade para estudar segurança em IPv6 ou segurança para IoT, respectivamente. Eu acredito que em breve teremos uma grande demanda por profissionais com esse tipo de conhecimento, e quem começar na frente vai se destacar rapidamente no mercado.

Para saber mais detalhes sobre as previsões das principais empresas do mercado de segurança, veja o site delas:
Aproveite o embalo e dê uma lida também nas previsões do Althieres Rohr no G1.

OBS: Post atualizado em 11/01 (incluído o link para a reportagem sobre as previsões da Akamai).

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