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dezembro 13, 2021

[Segurança] Triste exemplo da impunidade no Brasil

Uma notícia recente, que eu vi no site do UOL, traz um exemplo muito triste que só faz aumentar a sensação de impunidade em nosso país. A notícia destaca que dos 5 ladrões condenados pelo maior roubo a banco no Brasil só um deles está preso atualmente.

Em Agosto de 2011 aconteceu um roubo cinematográfico, de deixar o pessoal do seriado La Casa de Papel com inveja: doze assaltantes invadiram a agência no Banco Itaú da avenida Paulista se passando por funcionários e renderam um vigilante, que liberou o acesso ao subsolo onde estavam os cofres particulares. O local era extremamente vigiado e contava com alarmes e câmeras mas, segundo as investigações da Polícia Civil, os criminosos contaram com a ajuda de um vigilante e de um funcionário da empresa responsável pelo alarme da agência. Após mais de um ano de planejamento, os assaltantes invadiram o cofre, ficaram 10 horas no banco e arrombaram 161 dos 400 cofres de clientes, roubando um total estimado entre R$ 250 milhões a R$ 500 milhões entre joias, pedras preciosas e moedas estrangeiras. As vítimas eram de classe alta (incluindo os próprios controladores do banco) e o valor exato é desconhecido pois algumas vítimas não deram queixa já que não tinham esses bens declarados.


Esse roubo foi maior até mesmo que o furto ao cofre do Banco Central em Fortaleza, que virou filme, no qual foram levados 248 milhões de reais (em valores de hoje).

Doze pessoas participaram do assalto, mas dos 11 identificados, apenas cinco ladrões foram condenados a 18 anos e oito meses pelo roubo. Mas, após apenas 10 anos depois do ocorrido, somente um deles está preso - e em regime semiaberto. 

A reportagem do UOL destaca quem são os cinco condenados e a situação atual de cada um:
  • João Paulo dos Santos é considerado um dos mentores do roubo. Ele permaneceu foragido desde 2013, quando conseguiu um habeas corpus antes de ser condenado e não se apresentou à Justiça. Foi preso em 2018 e cumpre pena no CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Valparaíso. Segundo o seu advogado, ele tem bom comportamento, trabalha e estuda na prisão e vai ser beneficiado com o regime aberto em março do ano que vem - e sua pena vence apenas em junho de 2035;
  • O vigilante Nivaldo Francisco de Souza, acusado de facilitar a entrada dos ladrões no banco, foi detido em novembro de 2011 e, segundo a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) morreu aos 54 anos, de causa natural, fora da prisão, em abril de 2018. Ele ficou menos de sete anos preso;
  • O operador de segurança Cléber da Silva Pereira, que segundo as investigações desligou os sensores e alarmes na área de acesso aos cofres. Ele saiu em liberdade condicional do CPP de São José do Rio Preto em novembro de 2019;
  • Alessandro Fernandes é especialista no uso de maçaricos, providenciou as ferramentas para arrombar os cofres e, junto com o comparsa João Paulo, aliciou o vigilante Nivaldo Souza a participar do crime. Alessandro Fernandes deixou o CPP de Mongaguá em outubro de 2016 graças a um habeas corpus;
  • O quinto condenado, Francisco Rodrigues dos Santos, filmado por câmeras de segurança dentro do banco no dia do roubo, não foi preso até hoje.
O Poder Judiciário classificou o roubo ao Itaú como o "mais ousado assalto a banco da história do Brasil, "o maior crime patrimonial contra instituições financeiras do país" segundo o juiz Rafael Henrique Janela Tamai Roch. O Banco Itaú foi condenado a pagar apenas R$15 mil de indenização por cliente.

Alguns detalhes da investigação podem ser vistos no na apelação do Tribuinal de Justiça de São Paulo.

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