O artigo "MySpace Brazil monitora conteúdo de internautas diariamente" publicado recentemente no portal Convergência Digital me chamou a atenção pois mostra algumas boas práticas realizadas pela MySpace que, na minha opinião poderiam ser seguidas facilmente por todos os fornecedores de serviços online para garantir a melhor proteção dos seus usuários e evitar o acesso de pessoas que pretendam fazer uso criminoso da Internet.
Entre 2005 e 2006 a MySpace enfrentou sérias denúncias, nos Estados Unidos, de ter vários pedófilos entre seus usuários. Na época, eu mesmo comentei neste blog sobre um excelente artigo na Wired News que detalhava a pesquisa realizada pelo Kevin Poulsen e que lhe permitiu identificar alguns pedófilos condenados que mantinham perfis no site. Após este fato, a empresa investiu na criação de diversos mecanismos de proteção e monitoramento das atividades, conforme relatado no artigo da Convergência Digital e que faço questão de destacar abaixo:
- todas as imagens postadas passam por uma primeira verificação para identificar os materiais suspeitos, que em seguida são enviados para revisão, onde as imagens e conteúdos confirmados como inadequados são eliminados do site;
- imagens e conteúdos indevidos são removidos em até 30 minutos, sendo as autoridades notificadas sobre a identificação do material;
- as páginas removidas e as informações que permitem identificar o computador de onde foram postadas são mantidas por um ano, podendo ser requisitadas pelas autoridades judiciais;
- possui um sistema de bloqueio automático de sites pornográficos;
- links para facilitar que os usuários façam denúncias de conteúdo associado a pedofilia;
- monitoração de textos que contenham palavras indevidas;
- há mecanismos para prevenir contatos indesejados entre usuários, como impedir a comunicação entre adultos e menores de 18 anos;
- os usuários adolescentes têm seus perfis configurados automaticamente como privados e eles tem a opção de bloquear contatos com usuários adultos;
- as ferramentas de busca não fornecem informações sobre usuários com menos de 16 anos;
- os pais tem um recurso que lhes permite monitorar a atividade dos filhos;
- novos usuários tem seus dados cruzados com um banco de dados sobre as pessoas processadas por pedofilia (esta informação é fornecida pelas autoridades norte-americanas). Além de impedir a entrada de pessoas que constam na lista, o MySpace notifica as autoridades quando isto ocorre.
O UOL também desenvolve várias ações similares para proteger seus usuários, conforme descrito em uma reportagem da redação do UOL ("Bate-papo UOL identifica possíveis crimes em tempo real"). Abaixo transcrevi as principais atividades, omitindo alguma similares ao MySpace:
- um software monitora as salas de bate-papo criadas e alerta sobre o surgimento de temas suspeitos. Um pessoal especializado examina a sala e, se considerar a suspeita procedente, o UOL fecha a sala, armazena os dados de endereço IP, data e horário dos acessos e faz a denúncia ao Ministério Público. Esses dados poderão ser formecidos às autoridades mediante autorização da Justiça;
- acesso fácil à Central de Denúncia do UOL, com apenas um clique, a partir de qualquer sala ou página do Bate-papo UOL;
- o UOL mantém páginas com dicas de segurança, além de divulgar constantemente nas salas do Bate-papo selos educativos e mensagens contra pornografia infantil, pedofilia e outros crimes;
- não oferece salas específicas para menores de 15 anos e não estimula o uso do bate-papo junto ao público infantil;
- uma tela de advertência é exibida na entrada das salas de trocas de imagens e das salas criadas pelo público, informando como proceder em caso de comportamento indevido durante o bate-papo.
Estas ações do MySpace e do UOL são um ótimo exemplo de como duas gigantes no mundo Internet conseguem combater proativamente o mau uso da rede através de controles simples e que podem ser implantados facilmente por grandes e pequenos provedores. A Internet não é um paraíso e, ao mesmo tempo, não pode se tornar "terra de ninguém". Da mesma forma que, no mundo real, corremos o risco de encontrar pessoas mal intencionadas a qualquer momento (como ladrões, trombadinhas, tarados, pedófilos e assassinos), a Internet também é frequentada por pessoas com desvio de comportamento e com intenção criminosa. Assim, é utopia pensar que a rede pode ser acessada livremente e impunemente.