Enquanto as autoridades estão comemorando, alguns hacktivistas estão em maus lençois: poucos dias após a
Interpol ter prendido alguns membros do Anonymous na América Latina,
o FBI anunciou outro duro golpe:
prendeu os líderes do grupo LulzSec, que também são membros ativos do Anonymous. E, o que é pior:
eles foram dedurados pelo seu principal líder, conhecido como
Sabu, que foi pego pelo FBI em Junho do ano passado e, desde então, tem trabalhado como informante para os policiais americanos a fim de reduzir sua pena.
A história é conhecida por quem já assistiu filmes policiais: um dos criminosos dá uma escorregada (no caso do Sabu,
aparentemente ele deu azar de acessar um canal IRC uma vez sem utilizar o TOR), é pego e aceita fazer um acordo para denunciar seus colegas e livrar-se de uma condenação mais rigorosa. Isto não é a primeira vez que isso acontece e não será a última: seja por causa de uma vantagem, chantagem ou tortura, muita gente não segura as pontas depois de ser preso. Coincidentemente, neste final de semana eu assisti um documentário interessante sobre grupo eco-terrorista ELF (Earth Libertation Front), que era muito ativo nos EUA no início dos anos 2000, mas teve o mesmo fim: seus membros foram delatados e condenados depois que um deles foi pego pela polícia.
As figurinhas mais conhecidas do LulzSec agora estão nas mãos das autoridades: "Kayla" (Ryan Ackroyd, de Londres), “Topiary” (Jake Davis, Londres), “pwnsauce” (Darren Martyn, Irlanda), “palladium” (Donncha O’Cearrbhail, Irlanda) e “Anarchaos” (Jeremy Hammond, de Chicago). E, certamente, muita gente está morrendo de medo de ser o próximo,
inclusive os membros brasileiros do Anonymous, que mantinham contato com o Sabu.
Certamente este é um duro golpe para os hacktivistas do Anonymous, mas não acredito que isto causará um grande impacto no grupo e na maioria de suas operações. Mesmo que a prisão de alguns membros e líderes assuste e desmotive uma parte do pessoal que apóia o Anonymous, a principal característica do Anonymous é justamente a sua falta de liderança formal. Ou seja, o grupo não precisa de líderes, e para funcionar ele somente precisa de pessoas que apoiem seus ideais. O hacktivismo teve grande destaque nos últimos dois anos e conquistou milhares de apoiadores.
Mesmo em um dia como o de hoje é interessante rever um
vídeo de 2004, sobre uma apresentação realizada na Defcon daquele ano sobre cyber ativismo, ou
"Electronic Civil Disobedience", que já pregava o uso de ataques online como uma forma de ativismo político. O interessante é que as várias formas de ataques que o palestrante propôs realizar contra a convenção republicana se tornaram realidade nos dias de hoje.