Outro aspecto bem interessante nos hacker camps europeus é que eles fortalecem a participação das comunidades, que são livres para criar as suas "vilas" e realizar dezenas de atividades em paralelo a programação do evento (oficinas, palestras, encontros, debates, etc). Assim, um evento como o SHA 2017 consegue oferece várias centenas de atividades, somando as que constam na programação oficial e as atividades das vilas.
As estatísticas que eu ouvi sobre o SHA 2017 foram impressionantes:
- 3.650 pessoas no 1o dia de evento
- O evento ocupou uma área enorme, de 1 por 1 kilômetro, na maior ilha artificial do mundo
- A programação oficial tinha 300 talks, distribuídas em 4 tendas de palestras e 2 de oficinas
- A conexão Internet foi de 100 Gbps
Infelizmente tínhamos poucos brasileiros presentes, cerca de 10, sendo que a grande maioria deles já vive na Europa. E também tivemos um brasileiro palestrando, o Bruno Oliveira, que nos contou sobre sua experiência participando de CTFs e como isso tem ajudado o seu trabalho de pentester. A pouca presença e falta de organização prévia não nos permitiu criar uma "vila brasileira" no evento, o que teria sido bem legal.
Como eu participei do CCCamp há dois anos atrás, na Alemanha, posso comparar os dois eventos: eles são bem similares, seguindo a linha de acampamento hacker: um espaço gigante, com alguns milhares de pessoas de todas as idades, várias vilas e algumas tendas com as programações principais. Os dois eventos acontecem a cada 4 anos, intercalados entre si. O CCCamp me pareceu melhor organizado, e quem viveu o primeiro dia do SHA pode confirmar isso: as lanchonetes demoraram para abrir, algumas pessoas estavam perdidas sobre onde se localizar e aonde montar sua barraca ou vila, etc. O CCCamp tinha 2 tendas enormes com as trilhas de palestras, enquanto o SHA 2017 distribuiu sua agenda oficial em 4 tentas de palestras (menores que a do CCCamp), 2 trilhas de workshops e, também, uma tenda que era o "Badge Bar", com uma pequena infra-estrutura para os participantes montarem e hackearem seus crachás. Eles também separaram uma áres para acampamento e atividades para famílias com crianças.
Depois do fiasco do crachá da Defcon, a SHA não decepcionou: eles fizeram um crachá muito legal!!!
Além de assistir algumas palestas e participar de algumas atividades, desta vez eu decidi também ajudar como voluntário na organização do evento. Isso, foi muito fácil: eles possuem um sistema online aonde os participantes podem se inscrever e podem visualizar as vagas que existem para ajudantes. Elas ficavam divididas em blocos de 2 ou mais horas para cada atividade específica (ex: ajudar no estacionamento, na cozinha, no bar, fazendo entregas internamente de bicicleta ou carrinho de golfe). Assim, ficava fácil adequar os horários de trabalho voluntário com as atividades do evento. Foi uma experiência bem legal, pois além de ter a chance de conhecer um pouco da infra do evento, também tive a chance de conversar e interagir com muita gente.
No meu caso, no final do dia eu verificava a programação de palestras e atividades que tinha interesse no dia seguinte e preenchia os horários vagos com o trabalho de voluntário. Assim, ajudei no balcão de informação, no balcão de registro e em 2 bares do evento.
Vale a pena citar que dois exemplos recentes me motivaram muito a querer ajudar como voluntário no SHA 2017: na semana anterior ao SHA eu fui para a Defcon e Bsides em Las Vegas, e vi dois amigos, o Fernando Amate e o Fellype, que foram voluntários na Defcon e na BSides Las Vegas, respectivamente.