março 21, 2012

[Cyber Cultura] O fim da enciclopédia

Após 255 anos, a Enciclopédia Britânica anunciou que não irá mais produzir a sua tradicional enciclopédia em papel. As últimas edições ainda estão a venda no site deles, pelo preço de US$ 1.395,00.

Sinal dos tempos.

De fato, o fim da versão impressa da Enciclopédia Britânica mostra várias coisas interessantes sobre o mercado editorial hoje em dia.
  • Antes de mais nada, é interessante ver que a Britânica, de certa forma, previu isso e soube se adaptar aos novos tempos: há vários anos atrás eles lançaram a versão online. Segundo uma notícia da CBN, atualmente apenas 15% das receitas da empresa vêm da enciclopédia, e a maior parte vem da venda de assinaturas on-line e aplicativos para celulares e tablets.
  • Não podemos deixar de mencionar que a Britânica sofria uma concorrência da Wikipedia, uma biblioteca online, gratuita, colaborativa e multilingue. Enquanto os 32 volumes da Britânica tem cerca de 120 mil verbetes, somente a versão inglesa da Wikipédia tem quase 4 milhões, e a versão em português tem mais de 716 mil verbetes.
  • Isto também representa uma mudança no perfil dos leitores: cada vez mais, o acesso a conteúdos digitais (online ou através de e-books) tende a superar o conteúdo impresso (em papel tradicional). Embora as pessoas de gerações mais antigas ainda prefiram manipular os livros e revistas impressas, eu acredito que cada vez mais as novas gerações irão consumir o conteúdo digital.


Quando se discute a concorrência entre a Enciclopédia Britânica e a Wikipedia, o argumento mais comum a favor da enciclopédia tradicional está baseado na confiabilidade da informação. Uma enciclopédia tradicional possui um processo editorial sólido, com todos os verbetes escritos e revisados por especialistas. A Wikipedia, por outro lado, é um site colaborativo aonde qualquer pessoa pode colocar a definição que lhe convier, e muitas vezes estas informações podem ser imprecisas, incompletas ou estar intencionalmente erradas, como no caso de "sabotagens" de cunho político ou ideológico (afinal, "espírito de porco" tem em todo o lugar!). Eu mesmo, em alguns momentos, corrigi alguns verbetes relacionados a segurança da informação, pois percebi que na época haviam muitas imprecisões.

Por isso mesmo, as duas maiores dúvidas que devem atormentar o mercado editorial hoje em dia são, primeiro, até que ponto o cliente vai preferir a edição em papel ou em mídia digital, e até que ponto os leitores atuais estão dispostos a pagar por uma informação que podem encontrar facilmente na Internet, e de graça.

As enciclopédias foram as primeiras a virar peça de museu. Acredito que a mesma mudança vai acontecer com os livros, jornais e revistas, mas será um processo de mudança bem mais lento, porém inevitável.

Um comentário:

gustcol disse...

Anchises, de fato o mercado editoral passa por um processo que definirá o seu futuro ou não, para alguns casos. O ponto quanto a veracidade da informação, bem citado por vc diga-se de passagem, é uma das perguntas que faço todos os dias que compro um livro impresso em papel - será que vale a pena ter essa informação em um formato de difícil acesso - sim, para mim um livro é um formato de difícil acesso, ou deixá-la, digo a informação, em um pdf para ser lida em qualquer lugar ?

Por este motivo que afirmo, dentro em breve eu terei que me desfazer da minha biblioteca..

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