O programa mostou como o povo brasileiro, em geral, é preconceituoso e não sabe respeitar as diferenças e as individualidades do próximo. e o preconceito no Brasil tem vários motivos: cor, raça, religião, condição social, opção sexual ou doença. De uma forma que as vezes era até até exagerada, o programa expunha pessoas comuns a situações em que elas naturalmente mostravam seu preconceito, e muitas vezes admitiam isso claramente.
"A maioria [das pessoas] manifesta [seu preconceito] de forma indireta e não tem consciência do seu grau de preconceito."
Gustavo Venturi, Professor de Sociologia
O programa, como disse, foi bem interessante e abordou vários casos reais, como do rapaz de cor que foi parado pela Rota em São Paulo quando voltava do serviço e levou dois tiros enquanto estava deitado no chão aguardando ser interrogado (o pior foi ele contando que, quando os policiais perceberam o erro, se questionaram o que fazer com ele - se o matavam ou não), do rapaz que foi barrado na porta da balada por não aparentar ser de classe média-alta, do casal homossexual que não pode se acariciar em público, do gerente de sistemas que foi demitido quando se descobriu portador do vírus HIV e da criança que não foi aceita na escola por ter síndrome de Down. Os exemplos foram vários (incluiu até mesmo um anão e um idoso), e tenho certeza que eles não tiveram dificuldade em achar tantas vítimas nem tantas situações em que o preconceito era tão evidente.
"Também não são raras situações discriminatórias com pessoas doentes, como as portadoras do vírus HIV. Ao acreditar em mitos, como a transmissão pelo ar ou através de um abraço ou aperto de mão, muitos adotam uma postura preconceituosa. Além de constrangimento, é um ato que gera sofrimento para o doente como para as famílias."
O programa também deixou claro que a raiz de tanta discriminação no Brasil é a falta de educação e de informação da população, que não sabe respeitar nem entender as diferenças.
"A falta de informação gera preconceito, que gera discriminação."
O interessante é comparar a situação no Brasil com os EUA, principalmente no que se trata do preconceito de raça. Lá, nos EUA, existe muito preconceito, com a diferença que aqui no Brasil a discriminação é mais velada, mais sutil, enquanto lá é mais explícito - embora o americano se esforce em passar uma imagem de tolerância, de "politicamente correto". Lá, existe segregação, e aqui existe o desrespeito e a intolerância. Lá existem os bairros dos negros e os bairros dos brancos, e não é tão comum encontrar casais inter-raciais quanto aqui.
Aí vai uma dica: antes de fazer algum comentário sobre outra pessoa, substitua a palavra que você for utilizar para se referir a ela por "negro" ou "minha mãe". Se o resultado parecer ofensivo, talvez seja melhor não abrir a boca e guardar o comentário para si. (Por exemplo, em vez de dizer que "viu um casal homossexual se beijando" ou "não gostaria que aquela criança deficiente frequentasse a aula com meu filho", pense na frase "vi um 'casal de cor' se beijando" ou "não gostaria que a 'minha mãe' frequentasse a aula com meu filho". As frases não ficaram mais ofensivas?).
Nenhum comentário:
Postar um comentário