abril 23, 2018

[Ciber Cultura] O perfil dos hackerspaces Brasileiros

A Beatriz Cintra Martins, aluna de pós-doutorado em Ciência da Informação do IBCT e UFRJ disponibilizou algumas informações que levantou sobre os hackerspaces brasileiros durante a sua pesquisa “Um estudo dos hackerspaces brasileiros como espaços comunitários de produção de conhecimento”.

Durante o seu trabalho, ela identificou 21 hackerspaces ativos no Brasil: 4 na região Sul, 9 na Sudeste, 6 na Nordeste e 2 na Centro-Oeste. Eles receberam um questionário e retornaram 17 respostas, o que permitiu traçar o perfil dos hackerspaces brasileiros.


Segundo a pesquisa da Beatriz, o movimento dos hackerspaces foi influenciado pelas seguinets circunstâncias históricas:
  • A inspiração na cultura hacker e na ética hacker;
  • os princípios do software e hardware livres;
  • valores do conhecimento aberto e da produção colaborativa;
  • a revolução causada pela a fabricação digital e crowdfunding;
  • a democratização da tecnologia e o exercício da cidadania através da tecnologia.
Segue uma transcrição das principais características de acordo com a maioria das respostas recebidas:
  • Motivações para a criação do hackerspace: Produzir coisas em colaboração com outros, troca de idéias sobre tecnologia, criar por diversão, lazer ou entretenimento;
  • Perfil dos associado: Estudantes de graduação e pós-graduação, profissionais de TI, engenheiros e professores universitários;
  • Fontes de financiamento: Contribuição regular de associados e esporádicas de colaboradores;
  • Três quartos desenvolvem atividades e projetos em colaboração com Universidades;
  • Os equipamentos mais presentes são Computadores, arduinos, kits de desenvolvimento, equipamentos de som, impressoras comum e videogames.
  • Tipos de atividades: Oficinas, projetos, encontros sociais, discussões e cursos;
  • Ênfase em hardware aberto, software livre e segurança, mas também espaçomodelismo, biologia, música, artes plásticas e fabricação de cerveja
Vale a pena também destacar aqui as críticas que ela fez para o movimento dos hackerspaces, makerspaces e fablabs, em geral relacionadas ao pouco posicionamento político desses espaços:

  • Pouca reflexão sobre as relações de poder
  • Falta de sensibilidade aos problemas de exclusão social
  • Celebração acrítica da revolução tecnológica
  • Algumas produções comuns são apropriadas pela iniciativa privada;
  • Valorização do empreendedorismo em detrimento das questões comunitárias ou sociais.

Eu aproveitei a oportunidade e criei uma página no Wiki do Garoa para listar os trabalhos acadêmicos sobre hackerspaces, um material rico para quem se interessa pelo assunto.

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