novembro 03, 2009

[Segurança] Internet, covil de covardes e terra de maravilhas

A romancista e poetisa Lya Luft publicou um texto muito interessante em sua coluna na revista Veja desta semana, com o singelo título "Não fui eu!" e o provocante subtítulo "Como tantas coisas neste mundo contraditório, a internet é ao mesmo tempo covil de covardes e terra de maravilhas".

O artigo está disponível online somente para assinantes da revista ou do portal da editora Abril, mas um blog disponibilizou uma cópia dele online. Eu não vou transcrever o artigo, para evitar questionamentos com relação ao direito autoral (da editora Abril, no caso), mas recomendo fortemente a leitura e reflexão.

A Lya Luft toca em dois pontos atuais e que fazem parte da vida de qualquer autor famoso ou mesmo de qualquer pessoa ou empresa que se aventure a publicar um conteúdo online. No primeiro caso, constantemente circulam textos na Internet (através de e-mails e daqueles power points anexados a mensagens) cuja autoria é indevidamente atribuída a algum escritor famoso, provavelmente para dar alguma credibilidade a mensagem. Ela mesmo menciona que constantemente recebe textos atribuídos indevidamente a Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Érico Verissimo, Clarice Lispector ou algum texto indevidamente indicado como se fosse dela mesma. Já vi um artigo do Érico Veríssimo dizendo o mesmo, há alguns anos atrás.

Convenhamos, independente da qualidade literária do texto ou do teor da mensagem, quem gostaria de ver um texto distribuído na Internet e indevidamente atribuído a si? Ser indicado como autor de um texto que nunca escreveu? E que, eventualmente, pode ser discordante da sua opinião pessoal? Na Internet, isso acontece. As pessoas estão se acostumando a publicar qualquer tipo de conteúdo online, certas do anonimato e da impunidade. Por outro lado, uma multidão de internautas está acostumada a repassar ou republicar qualquer mensagem que receba, sem verificar a sua autenticidade ou a credibilidade da fonte.


"No espaço cibernético podemos caluniar e destruir ou elogiar e endeusar quem quer que seja, sem revelar nossa identidade."
(Lya Luft)

Outra ocasião em que vemos a selvageria da Internet, conforme rapidamente citado pela Lya Luft, é no festival de comentários online que normalmente acompanham temas polêmicos. Seja em um artigo de uma revista online, ou um post de um blog, ou um vídeo popular no You Tube. Se o assunto é polêmico, dezenas, centenas ou milhares de ínternautas irão expressar suas opiniões. Algo que é excelente, diga-se de passagem, se não fosse uma minoria que se faz valer do anonimato para, covardemente, usar os comentários para ofender ou agredir as pessoas, sem que o autor ou os demais participantes possam se defender devidamente (no máximo, o ofendido publica uma resposta ou, quando se trata de um site mais cuidadosamente administrado, o post ofensivo é removido). Isso acontece constantemente; eu sugiro a todos prestarem mais atenção nas seções de comentários do You Tube ou de seu site favorito. O tema é polêmico? Tem relação com política, governo, preconceito, violência?

A Internet é uma ótima ferramenta para todos, permite o acesso fácil e rápido a notícias e informações no mundo todo. Quando bem utilizada, é uma maravilha. Porém, a maioria dos usuários ainda precisa apreender a lidar com isso, a separar o certo do errado. E, como a Lya Luft comenta em seu artigo, quando algo de errado acontece, o internauta fica sem saber para quem pedir ajuda. Como retirar um conteúdo ofensivo do ar? Que lei utilizar? Há lei? Há como identificar o ofensor? Como punir?

A Internet ainda é uma terra sem lei, no estilo do "Velho Oeste".

Um comentário:

Anderson Ramos disse...

Anonimato é uma coisa, privacidade é outra. O grande problema atual é comprometer a última, numa tentativa de eliminar a primeira. A privacidade é um direito individual inalienável enquanto o anonimato é proibido pela nossa constituição.

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