O site NPR publicou um artigo interessante, chamado "U.S. Not Afraid To Say It: China's The Cyber Bad Guy" que destaca como as autoridades americanas passaram a comentar publicamente que a China se tornou um dos maiores focos de ciber espionagem.
Segundo um ex-diretor da NSA (National Security Agency), Mike McConnell, a China tem realizado um trabalho "deliberado e focalizado de ciber espionagem para obter informações valiosas sobre pesquisas e desenvolvimento, ou idéias inovadoras, ou código-fonte ou planos de negócios para vantagem própria". Segundo a reportagem, a China é especialmente agressiva no uso de ciber espionagem para obter segredos industriais e vantagem competitiva.
Este artigo é especialmente interessante, ao meu ver, pois eu já me questionei várias vezes porquê a China normalmente é considerada como um dos maiores inimigos potenciais em um caso de guerra cibernética. Muitas vezes quando falamos, lemos ou pensamos em Guerra Cibernética os exemplos que aparecem são relacionados à China ou à Rússia. Mas, como poderia existir um estado de tensão tão grande com a China, em termos de guerra cibernética, se esta tensão não existe em tamanha intensidade no mundo real? Não se ouve ninguém falando em guerra (guerra tradicional) com a China, ou sobre a China ameaçar invadir ou atacar algum país. Me estranha essa diferença entre o mundo virtual e real.
De fato, qualquer exemplo que seja dado sobre Guerra Cibernética que envolva a China, ao meu ver, não passa de casos de espionagem cibernética: seja a famosa Operação Aurora (quando no início de 2011 hackers chineses foram acusados de invadir dezenas de empresas americanas, incluindo o Google), a GhostNet descoberta em 2009 e o caso conhecido como Titan Rain, de 2003. Estes casos, por exemplo, são casos de espionagem, e não de conflito. É diferente de quando os russos usaram a Internet para apoiar a invasão militar da Geórgia em 2008. Os chineses não estão invadindo nem atacando ninguém: estão roubando segredos industriais, econômicos e políticos.
Ou seja, na minha humilde opinião, não é correto taxar de "Guerra Cibernética" os ciber ataques originários da China nem a tensão entre chineses e americanos no ciber espaço. É ciber espionagem. Roubo de informação. E este artigo ilustra isso muito bem.
Diversas novidades, informações, dicas e casos do dia-a-dia: na vida pessoal, sobre Tecnologia e, principalmente, Segurança da Informação.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Anchises,
E quando são roubadas informações da Lockheed martins? Uma das maiores fornecedoras de equipamentos bélicos dos EUA ? Acho válida a discussão, mas como toda guerra tem seu lado econômico, conhecer as vantagens do inimigo é um passo para a vitória;
Pr0teus(pr0teus.blogspot.com)
Ótimo exemplo. Na minha opinião devíamos chamar de "ciber espionagem" mesmo quando alguém (um país, uma empresa, um grupo ou um indivíduo) invade e rouba informações de uma empresa do setor militar (como no exemplo que você deu).
Espionagem militar existe há séculos, mesmo antes do invento dos computadores ou da Internet. Pensando em exemplos um pouco mais recentes, todos nós já assistimos a dezenas de filmes de espionagem na época da guerra fria e existem vários casos reais de conhecimento público. Mas, mesmo assim, estes atos de espionagem não foram atos de guerra, mas sim pura e simpes espionagem.
O meu ponto de vista é: se espionagem entre países e empresas existe desde que o surgimento dos países e das empresas, porque agora, que eles são cometidos pela Internet, devem ser chamados de guerra cibernética, e não simplesmente de ciber espionagem?
Na minha opinião, guerra é guerra e espionagem é espionagem. A espionagem pode ser usada para a guerra, mas mesmo assim, continua sendo espionagem. Isto vale igualmente para o mundo real ou para o ciber espaço.
Excelente resposta,
Acho que teríamos de procurar uma definição para os 2 termos, e ver quando a espionagem(ou cyber) se torna um ato de guerra ou não.
Abraços!
Postar um comentário