Rapidamente a notícia se espalhou pelas redes sociais e foi ganhando milhares de apoiadores, que divulgaram ainda mais notícias, imagens e vídeos sobre o protesto e publicaram fervorosas mensagens de apoio. "Instituto Royal" virou Trend Topics no Twitter. O grupo Anonymous também entrou na briga e lançou a "Operação Royal" (#OpRoyal) para ajudar nos protestos, tirando do ar o site do laboratório. Além disso, eles publicaram no Pastebin dados da empresa e dados pessoais dos diretores do Instituto Royal.
O que vemos no caso do Instituto Royal é algo que já se tornou comum em todo o mundo: hoje em dia a Internet é um grande palco de protestos. Mais do que isso, os protestos no mundo real acontecem em conjunto com o mundo virtual. Qualquer manifestação hoje em dia é acompanhada e apoiada por milhares, ou milhões de pessoas, através da Internet.
Isto se tornou particularmente verdadeiro desde o final de 2010, quando o grupo Anonymous ganhou grande destaque na imprensa mundial por conta dos ataques a grandes sites como Visa, Mastercard, Paypal e Amazon para apoiar o Wikileaks e o Julian Assange. Desde então o grupo Anonymous ganhou apoiadores em praticamente todo o mundo, que foram responsáveis por diversos protestos online em vários países. E o termo hacktivismo se popularizou - ou seja, o uso e manipulação das tecnologias online como forma de protesto político, ideológico ou religios - seja através de ataques ou do uso de ferramentas tecnológicas.
O caso dos protestos contra o laboratório Instituto Royal tem elementos que exemplificam como o mundo online é usado para apoiar protestos no mundo real:
- Como "Cyber Ativismo" puro, ou seja, uma forma de usar a Internet para organizar, promover e divulgar os resultados de um protesto. Seja criando um site ou uma página nas redes sociais para divulgar o protesto (como a página no Facebook divulgando uma manifestação contra o Instituto Royal marcada para o sábado dia 19/10). A Internet também é utilizada para divulgar notícias sobre os protestos, e assim fugir do controle da informação, distorção ou censura eventualmente realizada por governos ou pela própria mídia tradicional.
- Como "Hacktivismo danoso", que utiliza técnicas de cyber ataques para causar danos a empresa, governo, entidade ou pessoa que é alvo do protesto. Isto inclui o uso de ataques de negação de serviço (DDoS) para tirar o site do ar, pichação de páginas web (defacement) para divulgar uma mensagem de protesto em sites de terceiros, ou o roubo e vazamento de informações da entidade ou das pessoas envolvidas. Estes ataques visam, normalmente, expor, humilhar e até mesmo causar algum tipo de dano ao alvo dos protestos. Esta é a forma mais conhecida atualmente de protesto online. Mas, devido ao seu caráter danoso, quem sabe, um dia, passemos a chamar isso de "Cracktivismo". O Instituto Royal sentiu isso a pele: o site foi derrubado e informações pessoais dos seus diretores (incluindo telefones, e-mails e endereços residenciais) foram divulgados.
- Como um "Hacktivismo construtivo", ou seja, que visa usar a tecnologia para beneficiar um grupo que seja vítima de algum tipo de opressão ou problema político/sociel/econômico/etc. É o caso do desenvolvimento de ferramentas para garantir a privacidade das pessoas contra governos que não respeitem as garantias individuais e a liberdade de expressão (são exemplos normalmente citados: China, Cuba, Rússia e, hoje em dia, até mesmo os EUA). PGP e Tor são bons exemplos. Durante a Primavera Árabe, vários países tentaram cortar a Internet para que os protestos não fossem divulgados e para evitar que as pessoas se organizassem online. Diversos ativistas contribuíram com recussos para criar meios de que as pessoas que estavam no protesto pudessem acessar a Internet, apesar da tentativa fde censura dos governos.
- Como um "Hacktivismo Vingativo", que ocorre como uma forma de reação a ações consideradas desproporcionais, violentas ou falsas por conta das entidades ou pessoas alvo do protesto - ou mesmo das autoridades policiais. Neste caso, é comum ver hacktivistas reagindo e protestando online contra excessos por parte das autoridades durante manifestações pacíficas. Um caso que ficou famoso foi o "Pepper Spray Cop", um meme que surgiu na Internet como forma de protestar contra policiais que jogaram spray de pimenta em participantes do "Occupy Wall Street" na Universidade da Califórnia, em Novembro de 2011. Da mesma forma, a posição da diretoria do Instituto Royal de negar os maus tratos a animais só tende a aumentar a raiva das pessoas que apoiam o protesto.
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