janeiro 10, 2018

[Carreira] Traduzir, mencionar, copiar ou plagiar

Toda vez que vemos um texto interessante, acho que é normal termos vontade de compartilhá-lo, de repassar esse texto e seus ensinamentos para nossos contatos e colegas. E há várias formas de fazer isso: posso apenas compartilhar o link do texto na minha rede social, posso usá-lo como referência em algum trabalho meu, ou posso também transcrevê-lo, mantendo a referência ao texto original.

Quanto o texto original está em inglês, uma outra forma muito importante de compartilhar o seu ensinamento é traduzi-lo e compartilhar essa tradução Afinal de contas, uma parcela muito grande da nossa população não tem domínio do idioma de Shakespeare, e a tradução é a melhor forma de repassar esse conhecimento em sua forma original.

Citar o texto original e seu autor é, acima de tudo, uma forma de respeito e gratidão pelo ensinamento que você acabou de receber. E, além do mais, mostra que você tem ótimas referências quando está falando de um determinado assunto. Como me lembrou muito bem o professor Nelson Brito, dar crédito ao trabalho original também pode evitar que você passe pro problemas legais devido a leis de copyright (por isso, também vale a pena você conferir qual é o copyright de um texto ou de um material, antes de compartilhá-lo).

Infelizmente, é muito comum encontrarmos quem prefere trilhar o caminho sombrio, de assumir para si a autoria do trabalho de outra pessoa. Isso é um problema universal: acontece em qualquer área do conhecimento, não apenas no nosso mundinho de tecnologia. Acontece com muita frequência em trabalhos acadêmicos, com livros e textos literários, em reportagens e artigos, no mundo musical, etc. O verbete da Wikipedia sobre Plágio traz um exemplo interessante de 1931 (ou seja, está aí um exemplo de que o plágio não é limitado ao mundo online e já existia muito antes de inventarem a Interne).

O nosso YouTuber favorito, o Fernando Mercês, fez um vídeo muito legal sobre esse assunto, o plágio:


Recentemente, tivemos um caso triste, aonde um colega da área compartilhou um artigo muito bom sobre as vulnerabilidades Meltdown e Spectre, inicialmente dizendo que era de sua autoria. Isso aconteceu no grupo público do Roadsec, no Telegram.


Pouco tempo depois o Professor Nelson Brito apontou a semelhança com outro artigo, mas na ocasião o autor insistiu que o texto era dele.

  

Mas basta comparar os dois textos lado a lado para ver a semelhança. Posteriormente, depois que essa discussão ganhou mais destaque, ele colocou uma nota no início do artigo dizendo que era uma tradução do original em inglês. E, depois que a notícia se espalhou, o artigo foi retirado do ar.

O que aprendemos com isso?
  • Hoje em dia, é fácil identificar quando alguém toma para si a autoria do texto de outra pessoa (mesmo que se apodere só de uma parte do artigo original). A Internet, a mesma tecnologia que facilita o acesso a informação e facilita a vida do plagiador, também ajuda na identificação da real autoria de um texto;
  • Se você quer compartilhar um conteúdo que gostou, há várias formas de fazer isso sem correr o risco de ser acusado de plágio.
Por isso, toda vez que você quiser compartilhar um ensinamento de outra pessoa, eu sugiro que siga algum dos seguintes caminhos:
Uma outra situação muito comum, no trabalho do dia-a-dia, é você ser solicitado para representar a empresa aonde trabalha em algum evento, fazendo uma apresentação em nome dela e apresentando um trabalho desenvolvido por outro colega da empresa (ou mesmo um PPT criado pela área de Marketing). Nesse caso específico, como você está representando a empresa, a autoria é dela, e não de você, e não há conflito - contanto que você deixe claro que o conteúdo é da empresa (ou, em alguns casos, deixe claro também que trata de outra área dentro da empresa que conduziu a pesquisa). Jamais pegue esse conteúdo, tire o logo da empresa e diga que é seu! (nem mesmo se você foi o autor original daquele conteúdo, pois tudo o que você faz no expediente de trabalho é de propriedade da empresa). Mesmo nessas situações, você provavelmente terá a liberdade de adaptar o conteúdo padrão a sua experiência, agregando idéias e exemplos seus. Isso enriquece muito a apresentação.

Usar o trabalho de outras pessoas como base para um estudo ou uma pesquisa sua não é vergonha para ninguém, muito pelo contrário, é super normal e faz parte do processo de aprendizagem. O que é vergonhoso, e pode queimar a sua reputação no mercado, é se você se apropriar do material de outra pessoa, como se fosse seu.


OBS: Post atualizado em 10/01. Fiz algumas correções em 11/01.

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