agosto 26, 2021

[Segurança] O sequestro relâmpago, instantâneo

Uma reportagem recente do jornal Folha de São Paulo destacou o crescimento dos crimes de sequestro relâmpago, com os criminosos acessando as contas bancárias das vítimas pelo telefone e transferindo seu dinheiro rapidamente, via PIX.

Segundo um levantamento realizado pela Folha com dados de inteligência do governo de São Paulo, desde dezembro do ano passado, quando surgiu essa modalidade de crime, foram registrados 202 crimes no estado nos quais as vítimas relataram o uso do Pix por parte dos criminosos durante o roubo. Foram registrados 51 boletins de ocorrência em todo o estado entre dezembro de 2020 e março de 2021, mas nos meses seguintes (de abril a julho deste ano), os registros pularam para 151 casos. Em maio deste ano, o roubo através do PIX aconteceu em quase 30% dos casos de sequestro-relâmpago registrados.


O sequestro relâmpago é um crime antigo, não é novidade. No inicio, quando surgiu, as vítimas eram lavadas a caixas eletrônicos para sacar o dinheiro de suas contas. Há pouco tempo atrás, os criminosos começaram a usar maquininhas de cartão de crédito e débito, com conta-corrente própria, para roubar o dinheiro das vítimas. Há poucos anos atrás também surgiram rumores que os criminosos estavam fazendo transferência a partir do app bancário no celular das vítimas. Agora, com o uso do PIX, o crime foi renovado, e ganhou muita agilidade.

Com acesso ao celular e ao app bancário da vítima, o valor em conta é transferido imediatamente, via PIX, para contas dos criminosos em contas de laranjas, que no mesmo momento já transferem para outras contas, pulverizando o dinheiro e evitando que os bancos bloqueiem as contas e consigam recuperar o dinheiro.

Para se prevenir, uma recomendação básica é estabelecer limites baixos de transferência em suas contas bancárias. A minha principal dica, para diminuir o prejuízo que esse golpe pode causar, é que comecemos a usar dois celulares (um com você e outro em casa, só para as contas bancárias) a estratégia da "conta corrente do ladrão":
  • Mantenha em casa um segundo celular, com todos os seus aplicativos financeiros instalados nele;
  • O aparelho pode ser um modelo simples, ou um celular antigo, pois você só vai utilizá-lo para acessar as suas contas em banco;
  • Remova todos os apps bancários do seu celular do dia-a-dia;
  • Abra uma conta corrente em um outro banco, que vai ser a "conta do ladrão". Você pode optar, por exemplo, por um banco sem tarifas, e deixe nessa conta um pequeno saldo, com dinheiro suficiente para gastos emergenciais do dia-a-dia;
  • Instale o app da "conta do ladrão" no seu celular do dia-a-dia.
Assim, o acesso as suas contas bancárias principais, e seus investimentos, será feito somente pelo seu celular que está em casa. Para despesas pequenas ou emergenciais, e em caso de assalto ou sequestro relâmpago, o criminoso só vai ter acesso ao seu celular do dia-a-dia, aquele que tem apenas o app da "conta do ladrão".

Quer um pouco mais de segurança? Configure todos os seus recursos de autenticação de dois fatores (por SMS ou app) no celular que ficou em casa. Assim, o criminoso que tenha acesso ao seu aparelho do dia-a-dia vai ter um pouco mais de dificuldade se tentar roubar suas senhas.

Para saber mais:
PS (Adicionado em 26/08): O Jornal Nacional também fez uma reportagem sobre o assunto: Aumentam casos em SP de uso do Pix para roubar vítimas de sequestro-relâmpago.

PS/2 (Adicionado em 30 e 31/08): Devido a grande repercussão desse golpe, o Banco Central publicou novas regras de uso do PIX, que os bancos devem implementar para dar maior segurança para os clientes. Isso inclui, por exemplo, limites menores de transferência e a obrigatoriedade de um prazo para qualquer ajuste nos seus limites começar a valer (para evitar o caso de, durante o sequestro, o criminoso mandar você aumentar o limite de transferência antes de mandar todo o seu dinheiro para a conta dele). Veja mais sobre esse assunto nesses links:
PS3 (Adicionado em 09/09): O Banco Central divulgou um vídeo explicando as mudanças recentes no Pix, na tentativa de trazer mais segurança aos correntistas:


PS 4 (Adicionado em 21/09): esse artigo do UOL detalha bastante o modus operandi das quadrilhas que usam o PIX durante sequestros e roubos: SP: Justiça condena quadrilhas do Pix a até 46 anos por roubos e sequestros.

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