setembro 25, 2023

[Carreira] Um raio-x do trabalho em ciber segurança: altos salários e burnout

Recentemente, duas reportagens do G1 trouxeram um a boa visão de como é o mercado de trabalho em segurança - o lado bom (salário alto) e o ruim (burnout). Nas palavras deles, a nossa área é considerada a que tem o maior déficit de talentos no mundo dentro da tecnologia da informação (TI) e uma das mais bem pagas - com altos salários e crescimento acelerado na carreira.

Então vamos falar primeiro sobre o lado bom de trabalhar na área: altos salários e vagas a vontade. Ou, como disse o G1: "salário de R$ 38 mil, mas não encontra profissionais".

A área de cibersegurança explodiu nos últimos anos - fruto da grande digitalização das empresas, e da sociedade como um todo, e do crescimento do cibercrime (desde fraudes contra pessoas até mesmo os ransomwares que assolam grandes organizações globais). Qualquer empresa, de qualquer setor, tem a necessidade de possuir profissionais de cibersegurança - dependendo da área de atuação e do risco, essa necessidade pode ser maior ou menor. Os segmentos que lideram as contratações em Segurança são o mercado financeiro; telecomunicações; e-commerce (varejo) e o mercado de saúde / farmacêutico.

Mas o crescimento da área não foi acompanhada pelo aumento de profissionais, e a cada ano essa demanda cresce e o problema fica mais crítico. Segundo levantamento do Google for Startups citado pela reportagem do G1, a área apresenta o maior déficit global de talentos. Há anos a ISC2 aponta para essa falta de profissionais em seus estudos sobre o mercado de segurança.

Em poucas palavras: há mais vagas do que profissionais disponíveis para preenchê-las. Eu chamo isso de "taxa de desemprego zero".

O trabalho em segurança da informação e cibersegurança é bem especializado, o que torna a quantidade de profissionais disponíveis mais escassa e dificulta a entrada de novos profissionais. Com isso, existe uma dificuldade muito grande em encontrar e reter talentos, e a rotatividade de quem já trabalha no setor é alta. A alta nos salários acompanha essa crise de talentos.

A reportagem do G1 aponta quais as principais faixas salariais dos profissionais de segurança, que são valores bem realistas (mas é uma média - tem muita gente que ganha abaixo e um punhado que ganha muito acima desses valores):
  • Analista de segurança da informação júnior: entre R$ 4 mil e R$ 8 mil por mês
  • Analista de Governança, risco e compliance (GRC): entre R$ 11.850 e R$ 18.150
  • Especialista de Governança, risco e compliance (GRC): entre R$ 17.750 e R$ 22.600
  • Pentester: entre R$ 13.400 e R$ 18.400
  • Analista de DevSecOps: entre R$ 14.650 e R$ 24.500
  • Coordenador de cibersegurança: entre R$ 17.350 e R$ 23.750
  • Gerente de cibersegurança: entre R$ 23.100 e R$ 38.700
A reportagem não cita isso, mas o salário de um CISO pode chegar e facilmente ultrapassar a casa dos R$ 50 mil mensais.

Mas nem tudo são flores, num momento que falamos muito sobre stress e burnout dos profissionais de segurança.

A  reportagem do G1, publicada em 18/08, denuncia o stress e burnout presente no dia-a-dia dos profissionais de segurança. A reportagem aponta quais seriam os principais motivadores para esse cenário de alta pressão sofrido pelos profissionais da área:
  • prazos extremamente curtos para projetos;
  • acúmulo de demandas e funções;
  • responsabilidade extrema em garantir a segurança de empresas e dados sensíveis protegidos;
  • promoção informal de trabalhadores iniciantes a cargos seniores;
  • lideranças tóxicas.
Além disso, como a área é bem pequena, muitos profissionais têm medo de expor seus problemas uma vez que a saúde mental é um assunto considerado tabu, e pouco discutido. Os gestores também sofrem muita pressão e não estão livres do burnout. Segundo um estudo do Gartner citado pelo G1, até 2025 espera-se que 25% dos líderes de cibersegurança irão mudar de emprego devido ao estresse no local de trabalho.

Diversos estudos e estatísticas mostram que o trabalho está estressante e o burnout ronda os profissionais de segurança. Segundo um estudo da ISSA, os profissionais da área consideram que o trabalho está ficando mais difícil e desafiador com o passar do tempo.


A falta de profissionais acaba ajudando a piorar a situação de todos. Os funcionários existentes ficam sobrecarregados, pois seus times acabam sendo menores do que deveriam pela dificuldade de contratar novos recursos ou repor a saída de um colega. Como destaca a reportagem do G1, a escassez de talentos tem estimulado empresas a promover ou contratar trabalhadores menos qualificados para cargos maiores mesmo sem a experiência necessária para um cargo alto. Apesar disso provocar um rápido crescimento na carreira e no salário, o profissional passa a ser cobrado por entregas além de sua capacidade, sem prazos e recursos necessários, o que aumenta seu stress.

Para saber mais:

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