No dia 25 de Junho, após 50 dias tocando o terror na Internet, o grupo hacker LulzSec anunciou que iria encerrar suas operações e seus integrantes iriam se juntar ao Anonymous.
No dia 02 de Julho a "filial" brasileira do grupo, o LulzSecBrazil, em conjunto com os auto-entitulados membros brasileiros do Anonymous, tinham planejado uma série de passeatas simultâneas em várias cidades brasileiras, após quase duas semanas de ataques incessantes a vários sites governamentais no Brasil e constante presença na mídia. Mas poucos gatos-pingados (cerca de umas 30 pessoas) compareceram na Avenida Paulista na hora marcada (veja fotos da passeata de São Paulo no site do UOL). Ídem em outras cidades, como Goiânia, Curitiba. (veja mais no artigo da Decision Report)
Por que os grupos não resistiram mesmo diante de tanta repercussão no mundo todo e cobertura exaustiva da imprensa? Aqui no Brasil, o LulzSecBrazil chegou a ser entrevistado recentemente pelo programa CQC. O vídeo do programa, com a entrevista, está disponível no YouTube.
No caso da desistência do LulzSec, embora o press release deles não tenha indicado o motivo do encerramento do grupo, a maioria das especulações indicam para uma hipótese que eu concordo plenamente: o grupo não estava preparado para receber tamanha oposição e perseguição das autoridades. Mas talvez o maior problema é que os ataques do grupo incomodaram muita gente, uma vez que qualquer agência de governo ou grande empresa ao redor do mundo passou a ser alvo da chamada "Operação AntiSec". Faltou um motivo ideológico para justificar tais ataques, que só chamaram mesmo a atenção dos porra-loucas de plantão e da imprensa, ávida por divulgar histórias de terror e anunciar o fim do mundo cibernético. Enquanto algumas empresas e grupos hacker adversários tentavam desmascarar os membros do LulzSec, as autoridades conseguiram prender alguns integrantes na Inglaterra e Estados Unidos.
Em tempo, vários integrantes do Anonymous também já foram presos em alguns países, inclusive recentemente na Itália.
Como comparação, embora a simples menção do nome do grupo Anonymous também cause calafrios em muita empresa e governo ao redor do mundo, o grupo não tem tanta rejeição e tem até mesmo uma certa dose de apoio da população internauta e, de certa forma, da mídia em geral, pois todos os seus ataques são motivados por alguma causa ideológica e bem comunicada previamente através das redes sociais. Normalmente o grupo Anonymous se posiciona contrário a empresas e governos que ameacem a liberdade da Internet.
O mesmo problema, a falta de ideologia, também afetou o LulzSecBrazil. O grupo não tem uma ideologia forte e convincente, muito menos que encontre respaldo na população. O próprio vídeo com a entrevista de um dos membros do grupo para o CQC mostra que os objetivos deles são vagos e eles sequer sabem explicar direito quais seriam suas motivações.
Além do mais, o povo brasileiro, em geral, não é politizado. Embora o grupo LulzSecBrazil continue bastante ativo na Internet, disparando ataques para tudo quanto é lado, alguém esqueceu de avisá-los que dificilmente o brasileiro sai de casa para protestar. A última grande manifestação pública no Brasil provavelmente foi o movimento dos caras-pintadas, uma série de passeatas estudantis a favor do impeachment do então presidente Fernando Collor em 1992, ou seja, há quase 20 anos atrás. E, mesmo assim, esse movimento não surgiu do dia para a noite e, francamente, foi devidamente manipulado pelos poderosos de então. Tirando isso, os grandes movimentos anteriores foram o das Diretas Já (na década de 80) e os protestos estudantis contra a ditadura militar nas décadas de 60 e 70. Ou seja, o Brasileiro somente tira a bunda da cadeira para defender os seus direitos com muita sorte uma vez a cada 10 ou 15 anos, devido a algum motivo realmente muito sério (ou com uma certa dose de manipulação muito bem feita das massas). Não há como comparar o grau de mobilização do povo brasileiro com o de outros países, como a Espanha, Grécia e França, só para citar os países que tiveram manifestações populares recentemente.
Além do mais, a credibilidade do LulzSecBrazil também foi questionada, devido a desorganização interna e denúncias de que alguns de seus líderes eram cyber criminosos, além de que alguns dos dados supostamente vazados eram dados supostamente falsos ou disponíveis publicamente na Internet. Além do mais, há poucos membros no grupo detentores de algum conhecimento técnico, conforme apontou o blog Coruja de TI.
Ou seja, falta patriotismo, ideologia e credibilidade ao LulzSecBrazil.
Resultado? A tal passeata foi um fiasco.
De qualquer forma, os ataques continuam de vento em popa no Brasil e no mundo, como mostra a recente reportagem da Info no Ar, abaixo.
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