O diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações (DSIC) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Raphael Mandarino Junior, publicou hoje o artigo "Sobre bandidos e hackers", aonde explica o sentido de sua frase e os motivos que o levaram a fazer um comentário polêmico durante o evento Seginfo 2011, no Rio de Janeiro, de que “hacker é bandido".
Como eu já disse anteriormente, o termo "hacker" assumiu vários significados com o passar do tempo, variando do sentido original (o nerd, fuçador, amante da tecnologia) até o sentido pejorativo normalmente associado ao cyber criminoso (ou "cracker"), que justamente é um sentido que se popularizou na mídia.
Em seu artigo, fica claro que o Mandarino optou por considerar hacker como sendo um termo "associado a ilícitos". Ele vai mais além, criando algumas categorias de hackers, todas relacionadas a ações criminosas ou negativas: os Invasores de Sistemas (que ele define como os criminosos que buscam a invasão de um sistema com um objetivo em si), os Ativistas Sociais, as Quadrilhas (que buscam o lucro mediante crimes) e os Inimigos do estado (que buscam incapacitar ou destruir as infraestruturas críticas de um País).
Eu admiro bastante o trabalho do Raphael Mandarino e do DSIC, e todos são livres para escolher a definição do termo "hacker" que mais lhe agrade ou interesse, mas é uma pena que uma autoridade na sua posição e com a sua experiência tenha optado por aceitar a generalização que associa a imagem do hacker ao dos cyber criminosos e ao mal uso da tecnologia.
Eu, particularmente, prefiro ressaltar o conceito apresentado pelo jornal britânico The Guardian em uma excelente reportagem publicada recentemente sobre os hackerspaces e a cultura hacker. Segundo o jornal, "Hackers often describe what they do as playfully creative problem solving. It's much easier to attack than to defend a system, so the best hackers are those who build things." ("Hackers costumam descrever o que eles fazem como sendo uma brincadeira de como resolver problemas com criatividade. É muito mais fácil atacar do que defender um sistema, de modo que os melhores hackers são aqueles que constroem coisas.").
Quero também ressaltar que existem vários grupos usando e promovendo a cultura hacker de uma forma criativa, positiva e benéfica para a sociedade, como o Garoa Hacker Clube, do qual faço parte, além da associação Hackers Construindo Futuro (HCF) (que visa capacitar jovens em técnicas de Segurança da Informação e ajudá-los a ingressar no mercado de trabalho), o pessoal do Transparência Hacker e seu novo projeto, Ônibus Hacker. Além disso, existe a iniciativa americana "Hackers for Charity", que promove ações (microprojetos e doações) para melhorar comunidades carentes em países de terceiro mundo através da tecnologia.
Atualização em 30/08: Coincidentemente, hoje foi para o ar um videocast que eu participei com o Gustavo Lima, do blog Coruja de TI, no qual conversamos sobre hacktivismo, o grupo anonymous e sobre o impacto destes ataques no mercado de segurança em geral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário