janeiro 09, 2020

[Segurança] WWIII e a guerra cibernética

Eu já vi perguntarem se a terceira guerra mundial seria física ou cibernética.


A resposta é simples: hoje em dia qualquer ato de guerra envolve os dois cenários. A guerra tradicional é acompanhada pela guerra cibernética, seja através de ações de propaganda online e ciber ataques a infraestrutura crítica do adversário, por exemplo. Essas táticas são utilizadas como parte do conflito, para prejudicar a população, a produção, a comunicação e o dia-a-dia da sociedade envolvida no conflito. Ciber ataques também podem ser direcionados contra as infra-estruturas militares do adversário.

Na doutrina atual de guerra, considera-se que os 4 palcos principais de conflito são a terra, o ar, o mar e o ciberespaço. Algumas nações também consideram o espaço, mas em geral nas décadas recentes houve um avanço bem menor do que o esperado na exploração espacial e no uso do espaço como cenário de conflito. As nações mais avançadas possuem uma doutrina militar, uma estratégia e um centro de comando unificado, que envolve os 4 domínios.

Vale lembrar que, além de ciber ataques com objetivo militar, também podem acontecer ciber ataques realizados por pessoas comuns, da população em geral, ou seja, não associados as forças militares. Isso normalmente representa os ataques de defacement (ou pichação de site), utilizados normalmente por ciber ativistas como uma forma de protesto, propaganda e também para compartilhar ofensas ao adversário. É muito comum que esses ataques aconteçam antes mesmo de ser declarada uma guerra, e podem ser realizados por pessoas de outros países, que na verdade estariam apenas apoiando um dos lados do conflito.

Se fosse possível desenhar uma linha do tempo, eu diria que hoje em dia um conflito militar em grande escala envolveria:
  1. Ciber protestos através de ataques de defacement, realizados por grupos civis como forma de apoio ou protesto (como o defacement em um site do governo americano, ocorrido em 5 de janeiro) e também por governos como estratégia de propaganda e como ações de inteligência e contra-inteligência;
  2. Ciber ataques contra infra-estrutura crítica do país, como preparação para a guerra física;
  3. Início dos conflitos físicos;
  4. Ciber ataques contra a infraestrutura crítica como apoio as ações de guerra;
  5. Ações de propaganda on-line (por exemplo,enaltecendo as qualidades de um lado e tentando desmoralizar o adversário, divulgando notícias e fake news sobre o conflito, etc).

Nada disso é novidade! Na invasão da Georgia, em 2008 (há mais de 11 anos atrás!), a Rússia realizou ciber ataques para tirar do ar os sites de notícias e até mesmo interromper o acesso a Internet, para deixar a população desinformada sobre a guerra. 90% dos sites do governo da Georgia sofreram ataques de DDoS.

Vale lembrar que dificilmente um conflito iria envolver apenas os Estados Unidos e o Irã.


Diversos aliados poderiam entrar nessa guerra: do lado dos Estados Unidos normalmente ficam na Inglaterra, França, Alemanha e Israel. E, se o conflito se espalhar para a Europa, entra a OTAN. Do lado do Irã, além dos países árabes com posicionamento anti-americano, a China e a Rússia condenaram o ataque. A Rússia foi além e manifestou o seu apoio ao Irã. Em caso de conflito, a China poderia ser seguida pela Coreia do Norte. E isso poderia trazer também o Japão e a Coréia do Sul para o conflito.


Para saber mais:

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