Há algumas semanas atrás viralizou no Twitter uma planilha, disponibilizada online, batizada de "As empresas mais tóxicas do Brasil".
E esse formulário fez tanto sucesso que agora (spolier alert!) promete virar um site, "Exposed Workplaces".
Imediatamente a planilha viralizou porque continha comentários sobre comportamentos tóxicos das empresas (alguns preocupantes, outros engraçados). Na época, com cerca de 2 mil linhas, ela chamou a atenção da galera e foi compartilhada diversas vezes. Naquele momento, o formulário que gerou a planilha foi descoberto, mas estava desabilitado. Poucos dias depois, provavelmente por conta da grande repercussão do caso, o formulário foi reativado e, na última vez que consultei, a planilha já tinha mais de 17 mil linhas de comentários - cada linha correspondendo à denúncia de uma empresa.
O formulário é anônimo e convida as pessoas a denunciar comportamentos tóxicos frequentes nas empresas em que trabalham. Os relatos vão desde gestores abusivos, salários baixos, pressão por metas, passando por diversos casos de assédio moral e sexual. Muitos relatos também são acompanhados de denúncia de omissão, conivência ou até vingança, dos departamentos de RH ou gestores frente à esses problemas.
Tem algumas zoeiras também, porque Brasileiro não deixa passar batido...
Alguns depoimentos são replicados no perfil do Instagram dessa iniciativa: http://instagram.com/empresas.toxicas.
Vamos ser sinceros, é um projeto interessante, pois oferece um canal para as pessoas denunciarem, aparentemente de forma anônima, os comportamentos errados e tóxicos encontrados nas empresas. A verdade é que nenhuma empresa é totalmente "santa", livre de problemas ou defeitos, que podem ser algo pontual ou reflexo de uma cultura corporativa. Mas, na minha opinião, o pior é que muitas vezes as empresas promovem um discurso totalmente fora da realidade.
Por outro lado, as avaliações são subjetivas e muitas vezes dependem da opinião ou de um fato ocorrido com uma pessoa ou momento específico. E, muitas vezes, o que é bom para um funcionário não é bom para o outro - por exemplo, quando falamos de remuneração, valores subjetivos como reconhecimento, ou quando um chefe despreparado contamina toda a sua equipe com um comportamento tóxico. Por isso mesmo, é importante existir um canal para as empresas responderem à essas denúncias (mesmo que na prática seja usado por algumas empresas para apenas "passar pano" e fingir que estão resolvendo o problema, rs...).
Afinal, que nunca passou por um perrengue no trabalho, né? Quem nunca teve que engolir um sapo em nome dos boletos para pagar?
(gatilhos disparados)
(pausa dramática)
Na minha opinião, essa iniciativa é necessária para garantir uma maior transparência e sinceridade nas relações profissionais - que são naturalmente desbalanceadas em favor do lado mais forte, as empresas. A iniciativa também permite a proteção dos profissionais (que tem agora uma forma de denunciar e avaliar as empresas antes de trabalhar nelas) e da própria empresa, pois muitas vezes os canais internos de denúncia são falhos, visados ou ineficientes.
Na falta de uma plataforma profissional e transparente para fazer tais denúncias, vamos torcer para essa nova plataforma se profissionalizar, incluindo com a possibilidade das empresas contribuírem e responderem às denúncias.
OBS: Aparentemente o responsável pelo formulário, planilha e site é um desenvolvedor da Magalu chamado Anderson Weber, pois seu perfil no Linkedin tem vários posts promovendo a iniciativa.
Nota (adicionada em 27/05/2024): O formulário online foi aposentado e virou mesmo um site: exposedworkplaces.com. As denúncias e consultas são feitas agora pelo site (hoje, quando acessei, a busca não funcionava, sempre dava erro) e o site agora permite que as empresas se cadastrem e possam responder às denúncias.
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