Eu fico muito frustrado quando vejo uma ótima oportunidade perdida, simplesmente porque as empresas ainda não entenderam como usar as redes sociais.
E a poderosa Rede Globo também patina horrorosamente nas redes sociais.
Para quem não acompanha, a novela das 7, "Cheias de Charme", gira em torno de três personagens, Rosário (Leandra Leal), Penha (Taís Araújo) e Cida (Isabelle Drummond), que se tornam amigas e, juntas, criam um hit musical que, após ser colocado na Internet, as transforma em sucesso instantâneo. Não precisa ser expert em redes sociais para saber que este tipo de enredo já aconteceu várias vezes na vida real e o melhor (?) exemplo disso é o ídolo pop infanto-juvenil Justin Bieber.
A novela é bem feita, divertida, com um elenco excelente (as atuações da Claudia Abreu, como a cantora Chayene são hilárias) e explora um tema atual, o sucesso instantâneo através das redes sociais.
Em um determinado momento na novela, as três empregadas domésticas, lideradas pela personagem Rosário, gravam um clip caseiro que, após ser publicado na Internet, tem milhares de acessos. E, neste ponto do enredo, a Rede Globo perde o bonde da história. O tal clip não está disponível nas redes sociais, apenas no site oficial da novela. Uma busca no YouTube, por exemplo, retorna vários clips que foram vergonhosamente retirados do ar pela Rede Globo.
A Rede Globo preferiu censurar o vídeo, em vez de criar um canal oficial no YouTube em nome das fictícias "Empreguetes" e usar as redes sociais para turbinar a novela, permitindo aos telespectadores ver, comentar e compartilhar os vídeos do trio de "cantoras". Alguém tem dúvida que, com o poder de penetração das novelas Globais, um vídeo deste teria facilmente milhões de hits e "Likes", criando um vídeo viral em questão de poucos dias - ou horas? Um vídeo destes no site YouTube teria milhões de acessos, que qualquer pessoa poderia conferir facilmente na página do vídeo. Quando os personagens da novela comentassem sobre o sucesso do vídeo e a quantidade de acessos, os espectadores poderiam conferir isso imediatamente, online, no YouTube - aumentando ainda mais os acessos.
Indo um pouco mais além, a Rede Globo poderia permitir que os telespectadores fizessem mashups com o clip, fomentando a interação dos fãs com a novela. Poderia fomentar campanhas online no Twitter, em apoio as Empreguetes. Campanhas reais, aonde os espectadores participariam. As hashtags ou tweets mais criativos poderiam, inclusive, ser exibidos durante a novela.
Ações simples e óbvias como estas iriam criar uma união praticamente inédita entre a ficção e o mundo real. E todos sairiam ganhando: os espectadores, a novela, os atores, os personagens, a própria Rede Globo, as redes sociais. Mas, no final, ganhou a miopia do Copyright.
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