Em geral estas ações são incidentes individuais e não são apoiadas nem fomentadas pelos organizadores dos eventos, salvo raras excessões. Em vez de desmerecer tais eventos, é importante aos participantes terem consciência dos riscos para diminuir sua exposição e, assim, minimizar a chance de tornar sua experiência em um evento algo negativo ou traumático.
Basta relembrar alguns incidentes famosos para vermos os tipo de riscos que existem em eventos de tecnologia, e em especial, nos eventos de segurança:
- Campus Party tem furto de laptops; câmeras e celulares
- Defcon participants fooled by fake ATM (2009)
- Hacker Spoofs Cell Phone Tower to Intercept Calls: Na Defcon 2010 foi apresentada uma técnica de interceptar comunicações de celulares GSM, e desde então esse tipo de ataque se popularizou, barateou e ficou mais fácil de fazer. Facilmente podemos encontrar tutoriais de como fazer isso, como nesse post do portal Hack-aDay;
- Em 2016, um colega da área de segurança teve a sua conta no Linkedin e seu email pessoal hackeados durante a H2HC;
- RSA Conference 2017 attendees hacked with rogue access points
- Recentemente surgiu em São Paulo a conferência Leakon, e este artigo na Motherboard mostra o quanto o ambiente lá promove a hostilidade.
Para fazer o gráfico acima, eu considerei os seguintes critérios:
- Campus Party Brasil (São Paulo, Brasil): É um evento aonde frequentemente ouvimos relatos de roubo de equipamentos, embora a organização faça esforços constantes para evitar isso, como cadastramento dos notebooks, validados na revista e raio X na saída do evento. Mesmo com tais ações, os relatos de roubo são comuns. Entretanto, do ponto de vista de ciber ataque, eu considero o risco baixo;
- Roadsec e BSides São Paulo (Brasil): são dois eventos que eu considero "paz e amor", principalmente pela postura positivista e inclusiva deles. Entretanto, mesmo nesses eventos podem acontecer roubos e ciber ataques eventualmente. Nas 15 edições da BSides São Paulo, já tivemos um caso de roubo de notebook;
- H2HC (São Paulo, Brasil): é um evento hostil aonde podem acontecer ciber ataques contra participantes e são comuns vazamentos de dados de membros da comunidade de Segurança. Eu considero que a motivação da maioria destes ataques é o vandalismo, vingança e zoeira. Do ponto de vista de roubo de equipamentos, eu acho o risco um pouquinho alto, pela quantidade de nerds carregando equipamentos de valor, embora eu nunca tenha ouvido relatos de que isso já aconteceu;
- RSA Conference (EUA): pelo seu tamanho gigantesco e grande público, é um ambiente propício para ataques massivos de ciber espionagem e, eventualmente, ciber crime. Acredito que roubos físicos são raros;
- Black Hat e Defcon (EUA): pelo seu alto nível de sofisticação técnica, são eventos aonde os participantes podem ser alvos de ataques extremamente avançados, normalmente motivados por ciber espionagem (governamental e corporativa) ou eventualmente ciber crime. Acredito que nesses dois eventos os roubos físicos também são raros;
- Alligator (Recife, Brasil): Este é um evento pequeno, só para convidados, aonde reina o interesse em criticar e, eventualmente, promover ataques a comunidade de segurança. Por estimular os participantes a fazer ataques e expor outras pessoas, eu considero este evento bem hostil. Mas, do ponto de vista de segurança física, eu imagino que o carater restrito e exclusivo do evento faça que a chance de roubo de equipamentos entre os participantes seja muito pequena;
- Ekoparty (Buenos Aires, Argentina): Embora eu adore e recomende a Ekoparty pela altíssima qualidade técnica do evento e organização caprichada, infelizmente este é o evento que eu considero mais hostil em todo o mercado. Frequentemente ouvimos notícia de roubo de equipamentos, eeu tenho dois colegas da área que já tiveram seu notebook roubado (um deles era palestrante naquela edição e seu computador foi roubado no palco). Além disso, a alta sofisticação técnica dos participantes também se traduz em ameaças igualmente sofisticadas. É o tipo evento aonde corremos o risco de ter nosso acesso celular interceptado por antenas GSM falsas. pior ainda: em 2016 um grupo de hackers Argentino estava ameaçando realizar ciber ataques contra os patrocinadores do evento. Ou seja, as mesmas empresas que apoiam e viabilizam o evento são hostilizadas. Conheço uma empresa que, por este motivo, decidiu não mais patrocinar o evento.
A minha intenção é que este artigo e este gráfico sirvam como alerta para as pessoas de que devemos ter cuidado ao participar de atividades ecxternas eventos. Não quero, de forma alguma, depor contra os eventos citados, pois em grande maioria são excelentes e muito importantes em nossa área. Mas, para evitar problemas desnecessários, é muito importante que os participantes avaliem os riscos previamente e se preparem para poder participar de eventos de tecnologia de forma segura, minimizando a chance de sofrer qualquer tipo de inconveniente.
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