- Você protestaria contra um governo corrupto?
- Você protestaria contra a violência policial? Indo um pouco mais além: você divulgaria publicamente informações de um policial que abusou de sua autoridade durante uma manifestação?
- Você divulgaria informações que comprovam que um determinado governo cometeu crimes de guerra?
- Você denunciaria um governo que vigia seus cidadãos secretamente?
- Se é permitido parar a Av. Paulista para protestar, fazer passeata na porta de uma empresa, ou funcionários de serviços públicos podem entrar em greve, então podemos tirar um site fora do ar, na Internet, como forma de protesto?
Este foi um dos temas mais polêmicos que discutimos recentemente em um debate durante o V Congresso de Crimes Eletrônicos, na Fecomércio. E acredito que não conseguimos chegar a uma conclusão fácil.
Mas é muito difícil estabelecer um limite claro para qualquer forma de protesto, principalmente por dois motivos: pelo caráter transgressivo de qualquer protesto e pela necessidade de fazer com que uma mensagem de protesto seja ouvida.
O Hacktivismo, assim como qualquer outra forma de protesto no mundo real ou no mundo virtual, é transgressor por sua própria natureza. É alguém, ou um grupo, reclamando contra uma situação, um status-quo. Ou contra um outro grupo dominante, que muitas vezes pode ser o próprio governo. Logo, naturalmente haverá uma parcela da população contrária a manifestação. E outra que será a favor. Pronto: aqui está criado o impasse: algumas pessoas irão achar que o protesto é válido, enquanto outras serão contrárias. E, se um grupo chegou ao ponto extremo de recorrer aos protestos para ser ouvido, é sinal que os métodos mais formais de reclamação e busca por soluções não funcionaram.
Qualquer forma de protesto, incluindo o Hacktivismo, existe com um único propósito: chamar a atenção para um determinado assunto e fazer com que o grupo seja ouvido por todos. Por isso mesmo, os protestos buscam chamar a atenção d apopulação e da mídia: é muito mais eficiente fazer uma passeata na Av. Paulista do que em uma rua sem saída, num bairro distante de São Paulo. Ou fazer defacement em um site de governo do que no site de uma padaria. Os manifestantes querem divulgar seu protesto, sua ideologia, suas exigências.
Estes fatores fazem com que qualquer protesto, no mundo real ou virtual, esteja sobre uma grande linha cinza, que separa o legal do ilegal, o aceitável do transgressivo. Podemos colocar parâmetros (ex: não pode causar prejuízo, não pode causar danos, não pode isso, não pode aquilo), mas estes limites facilmente serão desrespeitados durante a manifestação.
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