Há dezenas de tentativas de explicar esse fenômeno macabro. Podemos falar em fatores culturais, da nossa sociedade, como o machismo, ainda criarmos as crianças para que as meninas sejam a "esposa recatada do lar", e o fato de que de algumas décadas para cá a tecnologia passou a ser considerada "coisa de menino". Basta ir numa loja de brinquedo próxima a sua casa: para as meninas, ficam as bonecas e os utensílios domésticos (fogão, utensílios de cozinha, etc), e os meninos tem os brinquedos de super herói, astronautas, robôs, etc. Talvez como consequência disso, as mulheres não sentem incentivadas a trabalhar com tecnologia, são desvalorizadas (afinal, recebem salários menores que seus colegas homens) e sentem-se reprimidas e acuadas quando tentam.
Por isso, temos que aplaudir e incentivar algumas ações e comunidades que existem e que estão surgindo para apoiar a entrada de mulheres nas diversas áreas de tecnologia. Só para citar duas, das mais antigas e conhecidas, temos a PyLadies e a comunidade CloudGirls - ambas com pessoal tocando a comunidade aqui no Brasil.
Na área de segurança, nos últimos anos (principalmente em 2019) eu vi surgir e ganhar destaque, aqui no Brasil, algumas iniciativas bem legais para apoiar as mulheres a entrarem na área de segurança: a Mulheres em cybersecurity (organizada principalmente pela Microsoft, mas tem o apoio de várias empresas), a CyberSecurity Girls, que criou um programa de mentoria para ajudar a qualificar as mulheres interessadas em entrar na área, e a WOMCY – LATAM Women in Cybersecurity, que é uma comunidade com foco em apoiar as mulheres em toda a América Latina. E tem também a comunidade Zero2Flag, criada para apoiar as mulheres através da participação em competições de CTF.
O mais legal é que cada uma dessas comunidades, que citei acima, tem um foco diferente e todas elas se complementam :)
A WOMCY é a primeira organização sem fins lucrativos da América Latina, formada por profissionais de segurança e com o objetivo de aumentar a presença de mulheres na área de segurança em todas as organizações latino-americanas. A WOMCY promove diversas ações de networking, mentoria e desenvolvimento profissional para mulheres que iniciam sua carreira ou que já estão com uma carreira estabelecida. (texto adaptado do blog do meu amigo Raul Cândido, em seu site Hacker Culture)
Aqui no Brasil, a WOMCY possui uma pessoa responsável por desenvolver o capítulo no país, a Andréa Thomé, e ela já conseguiu atrair quase 200 pessoas interessadas e está desenvolvendo grupos em várias cidades. O interessante sobre a WOMCY é que ela se propõe a ser bem estruturada, com atividades e papéis bem definidos. As iniciativas incluem ações para fornecer palestras ("talks"), mentoring, indicação de talentos, ações direcionadas para crianças (WOMCY Girls), entre outros, aonde qualquer pessoa interessada pode contribuir doando seu tempo de forma voluntária ou através de doações financeiras via Paypal.
Precisamos incentivar a participação de mais mulheres na área de segurança e de tecnologia - apoiando as iniciativas de inclusão e construindo um ambiente de trabalho mais inclusivo. Lembre-se que a história da ciência, tecnologia, e computação possui diversos exemplos de mulheres que se destacaram e trouxeram grandes contribuições. Afinal, a próxima cientista poderia ser a sua filha, sua sobrinha ou sua irmã, não é?
Para saber mais sobre a WOMCY:
- Site: https://womcy.org
- Twitter: https://twitter.com/LWomcy
- Instagram: https://www.instagram.com/womcy/
- Linkedin: https://www.linkedin.com/company/womcy/
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